Individualismo: a empreitada marketeira do Governo


O governo está inculcando na mente dos brasileiros, por meio de uma "campanha publicitária de auto-estima", a idéia de que o desenvolvimento social e o crescimento econômico do país dependem exclusivamente da colaboração de cada um por meio de seu esforço pessoal. Independente do arrocho que está sendo efetuado nos investimentos sociais do país. Dessa forma, transferindo para o povo brasileiro toda a responsabilidade de recuperar o país de uma futura crise econômico-social que está sendo alicerçada. Essa manobra também servirá de suporte para a justificativa do fracasso da efetivação das mudanças que não foram prometidas em campanha, mas que o povo, em sua ingenuidade, chegou a sonhar que elas aconteceriam um dia.
Essa campanha prega um dos maiores valores da burguesia neoliberal, o individualismo. Ele incentiva a fragmentação da classe trabalhadora e todos os tipos de coletividades organizadas. Traz, ainda, como conseqüência cultural, a absorção de valores típicos de moradores de países desenvolvidos. A fé e a vontade de vencer devem ser solitárias. Elas, juntamente com a felicidade só podem ser alcançadas através do trabalho exaustivo e incansável. Essa imagem está sendo pintada em nossa frente a toda hora.
Novelas, reportagens, programas diários e de fins de semanas e até comerciais a todo minuto, retratam histórias de pessoas que são o "modelo padrão" do cidadão que o governo quer. A nordestina que venceu na vida durante a Ditadura Militar foi o maior exemplo. Seria como o operário de Charles Chaplin. Alienado pelo trabalho, ele não consegue enxergar outras coisas ao seu redor. Assim o governo fica livre para implementar as reformas que quiser. O desemprego alto, o crescimento da economia apenas para pagar a dívida externa, o corte nos investimentos sociais, os crescimentos da fome e da miséria passariam despercebidos pela vontade de trabalhar para vencer na vida. É isso que a equipe de marketing do governo está fazendo.
Lula se jogará na próxima campanha com a imagem de quem mudou o Brasil, mesmo continuando a linha "FHcista" melhor do que o próprio FHC. E isso quem disse foram os donos de bancos e o FMI. Ele estará no palanque em 2006 e vai tentar convencer o povo de que trabalhou mais do que Duda Mendonça. Com certeza conseguirá. Por que Lula "é brasileiro e não desiste nunca".

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