Seca ameaça agricultura de subsistência no Lago Grande


O fenômeno da estiagem que já fez inclusive com que treze prefeituras da região decretassem ‘estado de emergência’, dificulta a sobrevivência de moradores de pequenas comunidades da região do Lago Grande como em Morui.
Alailson Muniz
A grande estiagem que está atingindo a Região Oeste Paraense castiga as comunidades da região do Lago Grande. Em Morui, comunidade que fica a três quilômetros da margem da estrada Translago, os moradores estão tendo suas roças de macaxeira, principalmente, prejudicadas. A seca afeta o solo e não deixa que as plantas se desenvolvam diminuindo a matéria-prima para produção.
Na comunidade, residem aproximadamente duzentos e cinqüenta pessoas que sobrevivem da caça, da pesca e da agricultura de subsistência. Na agricultura de subsistência, o maior cultivo feito pelos comunitários é o da macaxeira. Usada para a preparação de farinha e de iguarias como o vinho de tarubá, beijú, tapioca, tucupi, entre outras que servem de alimento para a população nativa. "O tamanho da roça deste ano que antes dsava apra até trinta sacas de farinha este ano não vai chegar a dez sacas. A produção de tarubá também baixou. Ano passado, no período de julho a outubro, cheguei a preparar mais de quinhentos litros para nosso consumo este ano não chegou até agora a cem litros", diz dona Maria Campos.
Segundo os moradores, a seca prolongada matou pelos menos a metade das plantações, diminuindo consequentemente em cinqüenta por cento a produção. Como as plantações são usadas para a própria subsistência, os comunitários são obrigados a recorrer a outras alternativas, que também estão sendo gradativamente atingidas pela seca, para produzirem seus alimentos e não passarem fome.
O lago mais próximo fica à uma hora e meia a pé. Suas margens ficaram bastante longas e o solo da região, chamado pelos moradores de barro – esmeril, criou uma extensão de lama que faz com que os pescadores tenham de se atolar, às vezes até a cintura, para chegar com suas canoas a uma profundidade que dê de colocar malhadeiras ou tarrafear.
Os peixes também são poucos e pequenos, pois muitos ficam empossados em poços feitos pela seca e devido ao baixo índice de oxigênio e a temperatura da água morrem. A caça também anda escassa na região. Os animais se distanciam cada vez mais para dentro da mata fechada no intuito de encontrar água.
As comunidades que não ficam a margem do lago dependem de pequenos, rasos e estreitos igarapés. Outras que não possuem o solo petrificado e baixo cavam poços.
Os comunitários aguardam a chegada da chuva somente para o inicio de janeiro. "Mas, como o clima tem mudado, não há certeza de quando o castigo da seca irá ser amenizado pelo milagre de Deus, a chuva", diz incerto seu Gonçalo morador da Região.

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