Tucano cede e incluirá Azeredo em relatório parcial da CPI


BRASÍLIA (Reuters) - O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) cedeu nesta quinta-feira à pressão de parlamentares do PT e vai incluir o caso do senador tucano Eduardo Azeredo (MG) no relatório parcial da CPI dos Correios.
Ex-presidente do PSDB, Azeredo teria sido beneficiado pelo esquema de financiamento irregular de campanhas montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza durante as eleições de 1998, conforme apontam investigações da comissão. Até então, no relatório da sub-relatoria de Fontes Financeiras, Fruet citava o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e Valério, suposto operador do chamado "mensalão". Fruet sugeria o indiciamento de ambos, mas não citava o colega de partido --o que vinha provocando um impasse com petistas.
"Os dados disponíveis à CPI vão de 2001 a 2005. Os dados de 1998 ainda estão incompletos", disse o deputado à Reuters. "Mas para acabar com essa discussão, vou incluir um capítulo chamado 'investigações em curso' e colocar os dados disponíveis e incluir o senador Azeredo e o depoimento do Cláudio Mourão", disse. Mourão foi tesoureiro da campanha derrotada de Azeredo à reeleição de Minas Gerais e reconheceu ter obtido, por meio de Valério, recursos não contabilizados.
Irritado com a pressão, Fruet disse que incluirá no mesmo capítulo o depoimento do publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, que afirmou ter sido pago com recursos de caixa dois do PT.

DISPUTAS
Desde a semana passada, o relatório de Fruet vinha provocando indignação em alguns petistas que integram a CPI. Eles ameaçavam obstruir a votação do documento caso não houvesse a inclusão do caso de Azeredo. Por causa do impasse, o presidente da CPI, deputado Delcidio Amaral (PT-MS), havia cancelado a sessão da manhã desta quinta-feira, na qual seria votado o relatório de Fruet. A sessão foi adiada para a próxima semana.
Após anunciar sua decisão, o deputado tucano afirmou que a partir de agora não produzirá mais documentos parciais. "Vou passar direto para o relator e ele que inclua (as informações no relatório final)."
E acrescentou que considera "uma estupidez" o impasse que se criou em torno da inclusão ou não de Azeredo e que se o trabalho continuar assim será "destrutivo". "Vai virar a CPI do Banestado", criticou ele, numa referência à comissão que terminou sem conclusões por disputas políticas.
(Por Marcos de Moura e Souza e Áureo Germano)

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