Mulheres negras ganham 30% da renda de homens brancos

BRASÍLIA - Em 2003, as mulheres recebiam 2/3 do salário masculino. Os negros, 48% do salário dos brancos. Cruzando de modo inédito dados sobre gênero e raça, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Funcem) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam: as mulheres negras ganham somente 30% do rendimento médio dos homens brancos.
Segundo a pesquisadora Luana Pinheiro, do Ipea, esse pode ser considerado um dos dados mais "cruéis" do levantamento "Retrato das Desigualdades", divulgado nesta quinta-feira, no auditório do Ministério da Cultura, em Brasília.
Há inúmeros outros dados que mostram como mulheres e negros ganham menos e cumprem funções menos reconhecidas que homens e brancos. "Talvez o único dado positivo esteja na educação", diz Luana. Ela se refere à diminuição da taxa de analfabetismo nos últimos anos, mais acelerada entre os negros.
Na área de saúde persiste a desigualdade. Mais da metade das mulheres negras acima de 40 anos, no Norte e Nordeste, nunca fizeram exame clínico de mama. Entre as brancas do Sudeste, a porcentagem é pouco maior que 20%.
Entre as trabalhadoras domésticas que trabalham mais de 40 horas semanais, 47,3% são negras (pardas ou negras), e 38,4%, brancas - apesar de a maioria da população ser branca.
A exclusão digital da mulher negra chega a 94%, enquanto a do homem branco é de 77,1%.

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