O Brasil caminha para o mesmo lugar

Por Alailson Muniz

Ao chegar ao poder com estigma de esquerda radical, o Partido dos Trabalhadores (PT) mostrou sua verdadeira face de partido social-democrata que caminha a passos curtos para o neoliberalismo radical. Esse, um sistema reformado, que mistura a intensificação globalizada do lucro com a aparelhagem política do Estado por meio de métodos stalinistas e o uso do terrorismo político e da manipulação de informações.
Seguindo a mesma linha do governo anterior, o PT causou dúvidas ao povo brasileiro quanto a sua postura no governo. Mas, ao assinar a Carta de Intenções com Fundo Monetário Internacional (FMI), deixou claro, antes das eleições, para os intelectuais, para os empresários e principalmente para o mercado financeiro, que não iria mexer um palmo da política econômica herdada (Malanismo). Mas o povo, em sua ingenuidade, e que também não pode ser culpado por isso como fazem alguns liberais conservadores, continua acreditando que esse PT é aquele mesmo de 1981.
Diante do atual quadro, podemos afirmar que não existe oposição ideológica nesse cenário político. O que existe é uma oposição política. Os partidos que circulam na mídia nacional como alternativa ao povo brasileiro também não mexeriam um palmo do Malanismo. O que se pretende é apenas uma troca de lugar, ou seja tomar o poder das mãos do outro partido. É o mesmo que acontece nos Estados Unidos. A imprensa forja uma bipolarização política entre os Democratas e os Republicanos. Aqui não está sendo diferente. De um lado O PT e de outro o PSDB. O PT usa da força que ainda tem no movimentos sociais para se defender e o PSDB do aparato mídiaco que possui para atacar.
Notem que à época de FHC, a imprensa fazia chantagem com o povo. Se a oposição mexesse um palmo para prejudicar o governo no dia seguinte eram comuns nas capas de jornais e emissoras de televisão as seguintes notícias: dólar cai, risco Brasil aumenta mil pontos, investidores retiram bilhões do país, empresas tem prejuízos, etc.. Ou seja, tudo ficava mal para o Brasil. Hoje em dia, tudo acontece. Mas nada abate a economia.
As críticas da imprensa pairam sobre o PT. O objetivo é desacreditá-lo e enfraquece-lo, sangrando-o até as eleições. Eram comuns notícias sobre o Ministério da Educação e da Saúde até um tempo desse. Depois que os ministérios foram entregues a outras legendas, não se sabe nem ao menos os nomes dos ministros.
Os esquemas de corrupção formados na Ditadura Militar foram mantidos pelos partidos políticos que chegaram ao poder e estão sendo usados para desmoralizar o governo. Não faço uma defesa do PT, pois chegando ao governo, o partido esteve diante de um dilema político. Romper com modelo desigual que empobrece o país e sofrer a fúria das elites nacionais e internacionais, mas tudo isso com o apoio do povo; ou dar continuidade ao esquema e ficar refém de um Roberto Jeffersson da vida a qualquer instante.
O PT escolheu a segunda opção, mesmo tendo a maior legitimidade já dada a um governo na história da democracia brasileira. Poderia fazer a Reforma Agrária, não quis. Preferiu entregar o Ministério ao Agro-negócio. Poderia dizer não à dívida externa ou fazer uma auditoria para diminuir o valor, era sua bandeira antes de eleger, preferiu entregar o desenvolvimento econômico do país aos agiotas que criam fortunas com compras e revendas dos títulos da dívida pública. Poderia educar o povo melhorando a qualidade do ensino e expandindo a rede pública educacional. Optou por privatizá-la.
Entre outras tantas mudanças que poderiam ocorrer, o "dirceusismo genuísta palocciano" optou pela mudança do partido e não do país. O povo, para não fica refém dessa bifurcação partidária, deve correr atrás de alternativas coerentes e realmente comprometidas com humanismo e não com o mercado financeiro. Do contrário, e pelo que tudo leva a crer, o Brasil caminha para o mesmo lugar.

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