A SÍNTESE DO IMPÉRIO GLOBO DE CRIMES

por Roméro da Costa Machado, escritor.

Sob o título de "Império Globo de Crimes", do artigo de mesmo nome, publicado em 28 de junho de 1993, na Tribuna da Imprensa, desdobramos e aprofundamos o assunto, enriquecendo-o em vários outros artigos. Dessa forma, o leitor ficará melhor capacitado a recusar a síntese simplista incentivada pela própria Globo, no sentido de dizer que a Globo cometeu somente alguns poucos pecados, tipo ser contra as "Diretas Já", ou anunciá-las em seu noticiário como uma festa em homenagem ao aniversário da cidade de São Paulo.
A Globo não é isso e nem só isso. Aceitar esta versão simplista é minimizar o Império Globo de Crimes ao gosto e interesse da própria Globo. Essa síntese simplista somente interessa à Globo que quer que as pessoas tenham em mente como tendo sido só um dos seus poucos pecados jornalísticos. Mas, no entanto, vejamos a seguir que as coisas não são assim. Muito pelo contrário.
É fundamental ter em mente que a Globo é ilegal, errada, torta e criminosa desde a sua criação, com o chamado escândalo Time-Life, quando Roberto Marinho associou-se ilegalmente a um grupo estrangeiro contra as leis do país, integralizou capital com bens que não lhes pertenciam, os bens gravados como inalienáveis foram alienados, houve importação de equipamentos pesados para montar sua indústria de comunicação com câmbio favorecido de quatro anos antes da importação. Foram tantos, tantos, tantos os abusos e falcatruas que não restou outra alternativa para fugir ao flagrante que não fosse mandar arrancar as folhas 42 e seguintes do livro 1478 do II Cartório de Ofício de Notas, conforme brilhantemente descoberto e reportado por Daniel Herz em seu livro "A História Secreta da Rede Globo".
Dizer que a Globo foi criada essencialmente com o apoio da CIA para dar sustentação e apoio ao golpe militar de 1964, é mais do que um exercício de retórica, posto que às custas desse apoio à ditadura militar a Globo enriqueceu trocando notícias favoráveis aos ditadores por anúncios que garantiam a sobrevivência da Globo e da ditadura militar. E com isso foram acobertados os maiores e principais crimes da ditadura, como o escândalo do Riocentro, em que os militares - para se eternizarem no poder - aproveitaram uma festa popular no Riocentro, com grande afluência de público, trancaram os portões por fora, com o público todo lá dentro e foram jogar bombas no público para causar pânico, dor e morte, e com isso jogar a culpa nos revolucionários contrários à ditadura e que a Globo chamava de terroristas.
Durante a ditadura militar a Globo também acobertou a Operação Bandeirantes (OBAN), em que os revolucionários contrários à ditadura eram mortos das mais variadas formas inclusive jogados de avião no mar, de barriga aberta para não boiarem e para os corpos não aparecerem jamais. A Globo acobertou também a Operação Gasômetro, que à semelhança do escândalo Riocentro, iria matar multidões, ao ser explodido o gasômetro do Rio de Janeiro, mandando para os ares vários quarteirões, para colocar a culpa nos revolucionários e perpetuar a ditadura militar.
Ainda nesta linha de associação com a criminalidade da ditadura, a Globo bancou as falsas notícias dos assassinatos de Vladimir Herzog, Fiel Filho, Stuart Angel e centenas de outros revolucionários, sempre tendo como verdade os laudos criminosamente falsos do médico parceiro da ditadura, Harry Shibata. E o cinismo da Globo era tal que alguns revolucionários quando eram presos, após tortura, eram apresentados nos telejornais da Globo, confessando "espontaneamente" seus crimes contra o país, para "servir de exemplo à juventude revolucionária " (chamada pela Globo de terrorista).
Não bastasse trocar falsas notícias da ditadura por anúncios, a Globo foi além, praticou assaltos a bancos como ninguém. No Banerj, após tomar um empréstimo favorecido, que se fosse aplicado no próprio Banerj (sem o dinheiro sequer sair do banco), a diferença entre o que deveria pagar e o que receberia pelo investimento renderia milhões e milhões. E em retribuição ao golpe, a Globo levou a diretoria do Banerj toda para trabalhar na própria Globo. O que valeu a Roberto Marinho o apelido de "O Maior Assaltante de Bancos do Brasil", título dado pelo jornal "O Pasquim".
Mas os assaltos a bancos não pararam por aí. Teve o Banco do Brasil, também com juros vergonhosamente subsidiados; teve o Banco Central com taxas subsidiadas e câmbio com valor de mais de quatro anos anteriores à importação de equipamentos; teve a Caixa Econômica cujo dinheiro, quase gratuito, foi tomado do trabalhador (FGTS) para construir o Projac; e o último escândalo foi o do BNDES em que a Globo pretende contar com o governo federal para a falência e quitar um passivo de mais de três bilhões de dólares. (Isso mesmo: três BILHÕES de dólares)
Escândalo é o que não falta na vida da Globo. Desde o simples caso de vender carro roubado, com chassis remarcado e quase causar a prisão do comprador, ao invés dos vendedores (os donos da Globo), provocando a surreal situação em que nem a polícia e nem o Detran quiseram (recusaram-se) apurar a venda de carro roubado e prender os culpados, mesmo diante das provas. Até os casos de perseguições pessoais, como o da Escola de Base e a família Shimada, destruída pelo noticiário falso da Rede Globo. Ou como as perseguições ao Bispo Macedo (IURD) por haver comprado a Rede Record de Televisão, ou a José de Paiva Netto, (LBV) por conseguir o canal de São Paulo que a Globo tanto queria para o seu canal Futura. Perseguição e covardia sempre foi o forte da Globo.
Escândalo? Isso é o que não falta na vida da Globo. Desde a própria existência do Ibope (que já é um escândalo por si só) e seus fajutos índices Fahrenheit que dão 32 pontos de audiência para a Globo mesmo com todos os televisores desligados em meio a um "black out", ou dos índices de popularidade nas eleições comandadas pela Globo, até a criminosa edição do debate Collor versus Lula, e que acabou elegendo Collor presidente da República. Isso sem falar no maior dos escândalos eleitorais do país, que foi o escândalo Globo-Proconsult, onde a divulgação da apuração dos índices da eleição eram adulterados e falsificados pela Proconsult e divulgados pela Globo, para impedir a eleição de Brizola no Rio de Janeiro, e que só foi tornado de conhecimento público graças à aferição dos verdadeiros índices pelo Instituto Pasqualini e pela denúncia de Bizola aos correspondentes estrangeiros, pois a imprensa nacional (como sempre) estava toda comprometida, submetida e controlada pela Globo.
Mas os dois maiores crimes da Globo, que poderiam levar Roberto Marinho para a cadeia por mais de 20 anos, conforme noticiado pela Tribuna da Imprensa sobre declaração do criminalista Paulo Goldrajch, ainda não foram citados aqui. Quais sejam: Os escândalos da TV Globo São Paulo e o da Afundação Roberto Marinho. Foram notas frias, caixa dois, sonegação fiscal, falsificações diversas de documentos, onde até recibos foram datilografados em máquina de escrever fabricada mais de dez anos após a data em que o recibo falso, frio, foi feito. Ou o caso do rol de pessoas notórias e conhecidas dadas como mortas para facilitar a compra de parte do poder acionário. Ou dos recibos frios de transações comerciais, com os respectivos CPF's nos recibos, quando naquela data sequer existia CPF, que somente foi criado mais de dez anos após a data dos recibos.
Para livrar Roberto Marinho da cadeia e impedir a CPI da Afundação (isso sem falar na CPI da NEC/Globo, que foi outro escândalo), as maiores autoridades do país se acumpliciaram: Superintendente da Polícia Federal ("Polícia Federal está na caixinha da Globo", manchete da Tribuna da Imprensa), Procurador Geral da República, Curador de Fundações, Procurador Geral do Estado, Ministro da Justiça, Secretário de Fazenda, Ministro da Fazenda, e até o próprio Presidente da República da época (José Sarney) que no interesse da Globo (e de roldão beneficiou bicheiros, traficantes e contrabandistas) publicou dois decretos permitindo legalizar todo dinheiro frio do país num determinado período de tempo, de interesse específico da Globo para esquentar seu dinheiro frio, denunciado publicamente. Tudo isso regado a uma fartura da distribuição de canais de televisão e estações de rádio que foram parar nas mãos dos deputados e senadores que após assinaram a lista de instalação da CPI, retiravam seus nomes da lista para impedir a instalação da CPI, conforme denunciado pelo Deputado Paulo Ramos, responsável pela coordenação da CPI da Afundação.
Como pode ser visto, os escândalos da Globo vão muito além de uma notícia falsa de "Diretas Já". A Rede Globo, como diz o jornalista Hélio Fernandes, é um grande supermercado, um balcão de negócios, onde tudo é negociado. Até mesmo a prostituição denunciada pela Globo em seus telejornais é feita no interesse de evitar a concorrência pela prostituição independente e preservar os seus anúncios "classificados" de prostitutas em páginas e mais páginas no jornal O Globo, anunciando garotos de programas, termas e casas de massagem.
Mas o que é a exploração e comercialização de anúncios da prostituição para quem sobreviveu graças à exploração de menores dos "pequenos jornaleiros", que faziam a distribuição e venda do jornal O Globo e garantiram a sobrevivência do jornal, eliminando, assim, o problema da distribuição? O que é tudo isso diante da exploração consentida de menores? Aliás, ligar escândalos e menores, nada mais significativo do que o escândalo do Papatudo, em que a "rainha dos baixinhos" (Xuxa) e o "embaixador da Unicef" (Didi) foram garotos propagandas e protagonistas de um dos maiores golpes financeiros deste país, que foi a venda dos bilhetes do Papatudo pelos Correios (Governo Federal) e com veiculação exclusiva e específica da Globo. ("Pede para a mamãe e o papai comprarem os bilhetes do Papatudo. O que falam do "titio" Artur Falk é tudo mentira")
Portanto, chega a ser risível ouvir alguém falar de "escândalo das Diretas Já". A Globo está mais para exploração de menores, associação à prostituição, assaltos a bancos, venda de carro roubado, notas frias, caixa dois, falsificações de documentos, contrabando, fraudes eleitorais, perseguições pessoais de desafetos e trambiques generalizados do que simplesmente uma equivocada divulgadora de notícias falsas e imprecisas sobre "Diretas Já".

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