PSOL lança pré-candidaturas de Plínio e Heloisa Helena em SP

ELEIÇÕES 2006

Militantes e parlamentares do PSOL promovem em São Paulo ato de
lançamento das pré-candidaturas de Plínio de Arruda Sampaio ao governo do
estado e de Heloisa Helena à presidência do país. Candidaturas querem ser
opção socialista ao que chamam de falsa polarização PT-PSDB.


Verena Glass - Carta Maior

SÃO PAULO – Um ato promovido pelo PSOL de São Paulo na noite de
segunda-feira (3) lançou as pré-candidaturas de Plínio de Arruda Sampaio ao
governo do estado e de Heloisa Helena à presidência do país. A
confirmação formal dos dois nomes se dará apenas no final de maio ou início de
junho, após a convenção oficial do partido, em atendimento às leis
eleitorais e ao prazo estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para
o início das campanhas.

O ato, que contou com a presença de vários parlamentares do partido,
como os deputados federais Babá, Ivan Valente e Orlando Fantazini, deixou
claro que também no PSOL existem gradações de radicalismo. Apesar da
avaliação unânime de que o PSOL deve se apresentar como opção socialista
ao que considera uma falsa polarização entre PT e PSDB – ambos
defenderiam as mesmas políticas macroestruturais neoliberais -, diferente do
tom agressivo contra o PT, o governo Lula e “seus amigos”, como a CUT e a
UNE, e da auto-exaltação do PSOL, adotado por Babá, os pré-candidatos
Heloisa Helena e Plínio de Arruda Sampaio foram mais ponderados.

“O PSOL não é o [partido] iluminado, não é a única opção de esquerda,
porque a esquerda não nasceu com o PT nem termina no PSOL”, afirmou
Heloisa Helena, citando forças partidárias como o PSTU e o PCB, potenciais
aliados no pleito deste ano, e os movimentos sociais.

Antecedendo o discurso de Plínio, Heloisa Helena advertiu a militância
de que a briga eleitoral será dura em função dos poucos recursos e do
pequeno tempo na televisão para a campanha do partido, e que o trabalho
dos filiados seria fundamental para que o PSOL obtivesse resultados.
Ela também afirmou que a militância teria que ter um bom preparo técnico
para demolir os argumentos técnicos do PT e do PSDB, principalmente no
campo econômico.

Sobre como o PSOL lidará com os dois rivais, a senadora citou o
compositor Roberto Carlos: “vamos exagerar Roberto Carlos: podem vir quentes
que estamos fervendo. Nós socialistas somos invencíveis”.

Já Plínio, que leu um discurso de cinco páginas, colocou o PSOL como um
avanço das lutas sociais após a estagnação do PT, que estaria recriando
no país uma conjuntura de disputa pelo poder no interior de uma única
classe dominante.

“Durante 25 anos, grandes contingentes das massas populares alimentaram
a esperança de que a vitória do PT significaria o início de um processo
de superação da sua pobreza e da sua condição subalterna na sociedade
brasileira. Essas esperanças frustraram-se completamente nestes últimos
três anos e meio de governo petista, criando divisão, perplexidade e
desorientação no campo da luta popular. Para dissipar qualquer dúvida a
respeito disso, basta reproduzir estas duas frases antológicas, ditas,
domingo passado, pelo Ministro [Tarso Genro, em artigo na Folha de São
Paulo] responsável pela coordenação política do governo: ‘Dada a
reconhecida moderação do governo Lula, não está em jogo, certamente, uma
ruptura com os padrões de acumulação vigentes globalmente. O que está em
jogo é se avançaremos um pouco mais na democracia, promovendo um pouco
mais de coesão social. O que está em jogo é se alguns recursos públicos
continuarão a ser direcionados para os pobres, se os financiamentos do
Estado continuarão chegado até os pequenos’. A defecção petista ameaça
fazer-nos voltar ao patamar anterior: processos eleitorais que se
desenvolvem exclusivamente entre facções da classe dominante”.

Sobre o seu programa de governo, Plínio afirmou que está trazendo para
o PSOL as propostas de construção partidária por núcleos de base, que
defendeu durante sua campanha à presidência do PT no último Processo de
Eleição Direta (PED). Segundo ele, o PSOL pretende construir o programa
em seminários e debates nos mais de 100 núcleos de base que, segundo
ele, já foram criados em 84 cidades do estado.

Em nível nacional, afirma Plínio, o processo deve ser parecido,
culminando na conferência ou congresso do partido que deve ocorrer até início
de junho. Segundo William Martani, membro da executiva estadual do
PSOL, o partido deverá apresentar uma plataforma própria, mas o programa
final será elaborado com os possíveis partidos aliados, no caso PCB, PSTU
e PCR. A possibilidade que destes partidos saiam candidatos a vice
também está em discussão, afirma Marani.

Em relação à aproximação do PSOL com outros partidos, como o PDT, PPS e
PV – com os quais fez uma campanha pela investigação de empresas
públicas e privadas que estariam envolvidas no esquema do mensalão, o
Transparência Já - no ano passado, Martani diz que o partido não quer saber de
alianças com esta ala da oposição ao governo.

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