Desmatamento de Norte a Sul

O coordenador-geral do Programa Pantanal do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Guilherme Cabral, admitiu que a expansão da pecuária e do cultivo de soja é responsável pelo maior ritmo de desmatamento no Pantanal. Com a perda de rentabilidade da pecuária de um modo geral, os proprietários tendem a aumentar a área útil de pastagem para aumentar o rebanho, observou o coordenador do programa.
Diferentemente do que ocorre na Amazônia, agricultores e pecuaristas no Pantanal podem devastar até 80% de suas propriedades, exceto quando suas terras ficam em áreas de preservação permanente. Na Amazônia, só podem ser desmatados 20% das áreas totais das propriedades. Isso não livra, porém, a região amazônica da destruição ambiental. Segundo estimativas do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), mais de 12% da floresta já foi derrubada nas últimas décadas. Os pesquisadores do Inpa avaliam que o desmatamento na região causa prejuízos irreversíveis para a biodiversidade e já podem ser apontados como responsáveis diretos por mudanças climáticas, com alterações inclusive no regime de chuvas da Amazônia. Tudo isso não representa obstáculo para agricultores, pecuaristas, madeireiros, industriais e mineradores continuar a exploração econômica dos recursos da região, sem qualquer preocupação efetiva com o impacto ambiental. Problemas similares são enfrentados no outro extremo do país, na região Sul, que vem sofrendo sucessivas secas no início de cada ano.
O fenômeno ocorreu pesadamente no ano passado, causando pesadas perdas econômicas, especialmente no Rio Grande do Sul, e já começa a se repetir em 2006. O avanço da monocultura da soja no Estado causou uma grande destruição de vegetação nativa e hoje é possível andar quilômetros pelo interior tendo fundamentalmente lavouras como cenário.

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