Pantanal ameaçado

A expansão do agronegócio ameaça destruir a vegetação do Pantanal em um prazo de 45 anos. O alerta consta do estudo intitulado “Estimativa de Perda de Área Natural da Bacia do Alto Paraguai e Pantanal Brasileiro”, elaborado pela organização não-governamental Conservação Internacional (CI-Brasil). Com uma devastação média anual de 2,3%, em 45 anos, a maior planície alagada do mundo poderá desaparecer.

Pesquisadores da entidade analisaram imagens de satélite e compararam a proporção da área que ainda tem vegetação nativa em relação àquela que já perdeu a cobertura vegetal original. O relatório aponta que, até 2004, cerca de 44% da região analisada teve a vegetação original descaracterizada. Dos 87 municípios brasileiros incluídos na Bacia do Alto Paraguai, 59 tiveram mais da metade de seus territórios devastados e 28 apresentaram entre 12% e 49% de desmatamento.

A situação é considerada crítica para 22 municípios que desmataram mais de 80% de suas áreas. Destes, 19 tiveram mais de 90% da vegetação original destruída. A pesquisa também mostra que cerca de 17% da cobertura vegetal original do Pantanal já foi destruída. O Estado do Mato Grosso do Sul é responsável por cerca de dois terços deste índice. O Mato Grosso responde pelo restante.
Ainda segundo a pesquisa, o desmatamento chega a atingir 45% da área total da Bacia do Alto Paraguai. Com cerca de 250 mil quilômetros quadrados, a região do Pantanal é um grande delta interno irrigado por vários rios. A transformação deste território em zona de pecuária e de plantação de soja é o principal fator responsável pela destruição de 17% de cobertura vegetal. Segundo o estudo da Conservação Internacional, a devastação destas áreas e a degradação do solo estão comprometendo os ciclos hidrológicos que determinam os processos de inundação e seca dos terrenos, responsáveis pela riqueza biológica da região, onde vivem cerca de 4.800 espécies de flora e fauna.

Comentários