Presidente da Cargill reconhece necessidade de rever atuação da empresa em Santarém

O presidente do grupo Cargill no Brasil, Sérgio Barroso, admitiu nesta terça em encontro para empresários em São Paulo que a empresa precisa rever sua atuação na região de Santarém (PA), na Amazônia. A Cargill, uma das maiores comercializadoras de grãos atuando no País, é uma das grandes responsáveis pelo aumento do desmatamento no bioma amazônico e pela substituição de florestas por plantações de soja.

A afirmação foi feita durante o painel “Desmatamento da Amazônia– é possível evitar?” da oitava Conferência Internacional sobre Empresas e Responsabilidade Social do Instituto Ethos, que acontece de 19 a 22 de junho, em São Paulo. Além do presidente da Cargill, participaram do debate Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Jarí-Orsa, Maurício Reis, diretor da Vale do Rio Doce, Eugenio Scannavino Neto, coordenador do Projeto Saúde e Alegria, que trabalha com comunidades da região de Santarém, e João Paulo Capobianco, secretário de biodiversidade e florestas do ministério do Meio Ambiente.

Apesar da afirmação, o presidente do grupo Cargill no Brasil se negou a reconhecer que o porto da empresa em Santarém opera de maneira ilegal, tendo sido construído sem o devido estudo de impacto ambiental, exigido pelo Ministério Público. Barroso também não reconhece que a introdução da cultura de soja no bioma amazônico esteja provocando uma grave crise social na região, incluindo o aumento da grilagem de terras e da violência e a favelização da periferia das cidades.

“Para Barroso, a Amazônia está cheia de miseráveis e a soja vai trazer riqueza à região. Ele se esquece que a população amazônica é rica quando tem a floresta para explorar de forma sustentável. E o dinheiro da soja não chega aos municípios amazônicos, não gera empregos e só traz pobreza, já que até os sojeiros estão falidos”, afirmou Scannavino, do Projeto Saúde e Alegria, que atua há 20 anos na região de Santarém. Segundo Scannavino, atuando com as comunidades de Santarém fica claro que a soja traz favelização e aumento da violência para a população local.

Capobianco defendeu diante da platéia de 1.500 empresários presentes a Floresta Amazônica em pé. “A Amazônia não é lugar nem para soja nem para boi. Essa não é a vocação da floresta. A Amazônia deve ser explorada de forma sustentável, produzindo óleos e outros produtos florestais de forma sustentável, gerando emprego e renda para a população amazônica”, afirmou.

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