Empresas do oeste querem investimentos da Alcoa




  1. Alailson Muniz
    Agência Amazônia



    A Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES) e a Associação Comercial e Empresarial de Juruti (ACEJ) não estão gostando da atenção que está sendo dispensada pela multinacional Alcoa às empresas do oeste paraense. A Alcoa está construindo uma mina de extração de bauxita no município de Juruti, no Oeste do Estado, que vai custar em torno de R$ 1,5 bilhões. Mas os empresários de Juruti e municípios vizinhos alegam que os principais investimentos estão indo parar nos bolsos de empresas do sudeste e sul do país.

    A situação foi exposta a imprensa em reunião realizada, na terça-feira (6), pela manhã na sede da ACES. O presidente da ACEJ, Otávio Barbosa, informou que o primeiro sinal de “desprezo” da Alcoa em relação ao empresariado local aconteceu quando a multinacional cortou o fornecimento de refeições que era feito por empresas de Juruti e Santarém sem prévio aviso e, em seguida, fechou um contrato com a também multinacional GR, que possui sede no Rio Grande do Sul. “Reunimos com a Alcoa e eles prometeram reverter essa situação o que não foi feito e por isso viemos somar forças junto a ACES para mudar esse quadro”, explicou Otávio Barbosa.

    Outra situação exposta pelos empresários diz respeito a um contrato firmado pela Alcoa com a empresa de locação de veículos Unidas, que possui sede no Estado de São Paulo. Os empresários novamente queriam que a prioridade fosse dada a empresas locais. “Não podemos deixar que o minério de Juruti seja explorado pela Alcoa sem que sejam deixados investimentos que possibilitem o desenvolvimento da região em longo prazo. Senão como vamos gerar empregos na região”, afirmou Francisco Fernandez. O empresário do ramo de pré-moldados disse que foi induzido por funcionários da Alcoa a fazer um investimento de R$ 100 mil reais em sua empresa para atender a demanda que apareceria com a instalação da mineradora, mas até agora está amargando um enorme prejuízo. “Até a farinha de mandioca, eles não estão comprando em Juruti”, emenda o empresário.

    A entidade representante dos empresários de Juruti também informou a imprensa que grande parte dos produtos consumidos pela Alcoa e seus funcionários estão sendo comprados na capital amazonense. Nesse caso, a empresa alega benefícios fiscais não encontrados no Pará. Para reverter essa situação, a ACES e ACEJ articulam uma audiência com a governadora do Estado, Ana Júlia Carepa, para sensibilizá-la em torno da questão. Na próxima semana, será a vez dos deputados estaduais e federais que foram eleitos por municípios do oeste paraense. “Vamos ter de nos apegar a força política para reverter a situação a nosso favor. O investimento que está sendo destinado para a região é muito pequeno”, argumenta Olavo das Neves.
    Os empresários também pretendem acionar a justiça para obrigar a Alcoa a dar prioridade às empresas da região. Eles alegam que houve uma falha por parte dos empresários durante as audiências públicas que discutiram a instalação da empresa na região. “Devíamos ter construído um documento assinado pelas partes, obrigando a Alcoa a valorizar o nosso empresariado local. Esse contexto ficou em aberto”, justifica o presidente da ACES, acrescentando que até o momento houve muita conversa por parte da Alcoa e pouca ação.


    INJEÇÃO
    A economia estadual recebeu uma injeção de recursos de R$ 44 milhões em 2006 segundo a própria Alcoa. Os recursos foram fruto da aquisição de produtos e serviços de fornecedores locais para a instalação do empreendimento. A prefeitura local também recolheu R$ 1,450 milhão em Imposto Sobre Serviço (ISS). Os dados foram apresentados pela empresa no dia 26 de janeiro, em Juruti, durante a abertura da exposição “Juruti Sustentável”.


    PRODUÇÃO

    A produção da Alcoa em Juruti está estimada em 2,6 milhões de toneladas por ano. O empreendimento da empresa inclui uma unidade de extração e beneficiamento de bauxita, um porto no rio Amazonas e uma ferrovia de cerca de 50 km de extensão, que transportará a bauxita da mina ao porto.

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