Renan diz que não renuncia e entrega documentos a corregedor

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que não cogita afastar-se do cargo para se defender da suspeita de que teve despesas pessoais pagas por um suposto lobista. "Não tenho por que me afastar ou me licenciar porque não há nenhuma acusação contra mim", disse Renan.
O presidente do Senado calcula ter convencido a maioria dos senadores com o discurso que fez segunda-feira, quando afirmou que teria utilizado apenas recursos próprios para pagar aluguel residencial e pensão alimentícia à ex-apresentadora de TV Mônica Veloso, com quem teve uma filha em 2004. "De 80 senadores, apenas um, com quem não tive ainda oportunidade de conversar, manifestou que eu devo me licenciar", acrescentou Renan, referindo-se a Jefferson Peres (PDT-AM).
Líderes partidários, com exceção do PSOL, têm reagido com solidariedade ou, no mínimo, evitam criticar em público o presidente do Senado, mas é generalizado o constrangimento que o assunto provocou no plenário. "Vamos examinar o assunto com cautela, mas não se deve confundir cautela com blindagem", disse o líder do DEM, José Agripino (RN).
O PSOL apresentou representação contra Renan no Conselho de Ética, com base em reportagem da revista Veja, segundo a qual, Cláudio Gontijo, funcionário e suposto lobista da construtora Mendes Júnior teria sido o responsável pelos pagamentos.
O advogado Eduardo Ferrão entregou ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), documentos que, segundo ele, comprovariam que, entre 2004 e 2005, Renan teria pago aluguel e cerca de 8 mil reais por mês à apresentadora.
"Os documentos provam de maneira cabal que todos os saques saíram da conta do senador Renan", disse o advogado de Renan a jornalistas.
Os pagamentos teriam sido feitos informalmente até dezembro de 2005, quando a paternidade da criança foi reconhecida oficialmente por Renan.
Nos dois meses seguintes, Renan depositou cheques de 3 mil reais na conta da apresentadora. Desde fevereiro de 2006, pensão alimentícia neste valor é descontada no contracheque do senador.
Na reunião desta quarta-feira, o Conselho de Ética do Senado elegeu como presidente o senador Sibá Machado (PT-AC), aliado de Renan. O PMDB tentou mas não conseguiu eleger o vice-presidente, que será Adelmir Santana (DEM-DF).
Machado decidiu deixar para a próxima semana a designação do relator para o caso Renan. Até lá o corregedor Romeu Tuma pretende analisar documentos e ouvir testemunhas sobre o caso.

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