Secretária fala muito e não diz nada

A secretária de Saúde do estado, Silvia Cumaru (foto/Tâmara Sare/Ag. Pará), participou ontem da sessão especial realizada pela Câmara de Santarém que debateu a crise do Hospital Regional Dr.Waldemar Pena.

Cumaru falou muito, mas não disse nada.

Limitou-se a relatar os números do atendimento e os da meta exigida pelo Estado e cobrados da Pró-Saúde. Disse que em alguns casos, o número de atendimentos não justifica o oferecimento do serviço. Por isso, a extinção de algumas especialidades.

A extinção das especialidades também estaria ligada diretamente ao corte de quase R$ 1,3 milhão, feito pela Sespa no orçamento da unidade de saúde. Mas Silvia preferiu não falar em números e se esquivou de todas as perguntas quando abordava a redução do orçamento. Falava sempre que o que estava acontecendo era um “encontro de contas”. A Sespa estaria comparando os números apresentados pela Pró-Saúde aos das metas que deveriam ser alcançadas. O resultado, então, justificaria a extinção de alguns serviços. Isso do ponto de vista financeiro. Pois, os médicos foram enfáticos em dizer que “serviço médico nunca é demais”.

A titular da Sespa também foi escorregadia quando o assunto era pagamento de médicos. A desculpa era de que iria reunir mais tarde com a classe (que deveria divulgar à imprensa o resultado dessa reunião).

A única vitória do povo do oeste paraense anunciada foi justamente a respeito dos cortes das especialidades. Cumaru recuou e disse que os serviços de endocrinologia e reumatologia (só existe uma única médica em Santarém nesta especialidade) serão trazidos de volta e que a fisioterapia será apenas para consumo interno (tipo se o paciente precisar no pós-operatório). A oftalmologia e a otorrino iriam ser discutidas.

Ousada como o seu decote, Cumaru procurou manter uma postura firme e passar sempre segurança em suas falas. Na maioria das vezes sorria quando indagada, como se a resposta fosse natural.

Sobrou também para os prefeitos, apenas um estava presente (o de Trairão, up-to-date, depois chegou o de Juruti). Silvia disse que o Hospital só vai fazer o que é de alta e média complexidade. “O hospital regional não compete com gestão municipal”, disse. “O Hospital Regional não é para fazer raio-x de fratura simples. Isso é para o município”, argumentou em seguida.

Ficou no ar que parte da crise que assola o Hospital Regional é criada por prefeitos que não querem assumir a responsabilidade com a saúde pública de suas cidades.

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