A selvageria social abonada pela passividade



Yarle: sociedade selvagem.
O crime bárbaro que ocorreu ontem em Santarém, quando o jovem Yarle Gomes sob o efeito de entorpecentes assassinou brutalmente o pai Valter Carvalho, 43, e a irmã Bruna Oliveira, 20, merece uma reflexão além do fato jurídico criado.

A pessoa do usuário de drogas é apenas o pano de fundo. Vivemos uma realidade em que o traficante de drogas é tratado como celebridade pela mídia e ainda anda de mãos dadas com delegados e outras autoridades da segurança pública. O impacto da ponta foi o que aconteceu com Yarle, que agora vai ter que se transformar num perigoso bandido se quiser sobreviver às mazelas e desígnios de nosso superado sistema penal.

O crime bárbaro representa sintomas da evolução de uma sociedade que a cada década abandona valores do passado e se agarra ao modismo plural do egocentrismo moderno. Merece sim uma análise sociológica, filosófica e porque não política. O que está em jogo é o futuro da sociedade, que está sendo construída hoje nos moldes dos atuais jovens e adolescentes. Mentes fracas, turbinadas por vídeos games, celebridades, novelas e drogas sintéticas.

É a construção da selvageria social abonada pela passividade do comportamento de consumo. Sem uma merecida reflexão, essa tragédia acabada se transformando num mero produto de consumo. Nada mais além do que isso.

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