Da Agência Pará:
Chegaram, na tarde deste sábado (14), os 62 médicos cubanos
e um brasileiro que vão trabalhar em 28 municípios e dois Distritos Sanitários
Especiais Indígenas (DSEis) no Estado do Pará. Eles vieram em três aviões da
FAB e desembarcaram no aeroporto da Base Aérea de Belém, onde foram recebidos
pelo secretário de Estado de Saúde Pública, Helio Franco; pelo coordenador de
Atenção Básica do Ministério da Saúde, Antonio Ribas; pelas cogestoras da
Sespa, Maridalva Pantoja e Círia Pimentel; pelo vice-presidente do Colegiado de
Secretários Municipais de Saúde (Cosems), Newton Pereira; além de diretores da
Sespa e representantes de movimentos sociais, que deram as boas vindas com
flores e bombons de chocolate e cupuaçu. A chuva que caiu na hora do
desembarque fez com que todos sentissem o verdadeiro clima paraense.
Do aeroporto, os médicos seguiram em ônibus fretado
diretamente para o Hotel Fazenda Paraíso, no Distrito de Mosqueiro, onde, neste
domingo (15), começa a Programação de Acolhimento, com uma série de
apresentações para que conheçam a situação epidemiológica do Estado, o
funcionamento do sistema de Saúde e papel dos colegiados do SUS e controle
social. Eles ficarão no Hotel até a próxima sexta-feira (20) quando seguirão
para os respectivos municípios.
Dos 28 municípios paraenses contemplados com esses profissionais,
12 estão na região do Marajó. Os municípios que receberão os médicos são Afuá
(02), Alenquer (02), Altamira (01), Anajás (02), Anapu (01), Aurora do Pará
(02), Aveiro (02), Bagre (02), Cachoeira do Arari (02), Curralinho (02), Curuá
(02), Faro (02), Floresta do Araguaia (04), Garrafão do Norte (02), Gurupá
(02), Limoeiro do Ajuru (02), Melgaço (02), Monte Alegre (02), Muaná (02), Nova
Esperança do Piriá (02), Novo Repartimento (02), Pacajá (02), Ponta de Pedras
(02), Portel (02), Rurópolis (03), Santa Cruz do Arari (02), São Sebastião da
Boa Vista (02) e Tracuateua (02), além dos DSEIs de Altamira (03) e Itaituba
(03).
Na opinião de Helio Franco, a vinda dos médicos cubanos e
brasileiros por meio do Programa Mais Médicos será fundamental para qualificar
a Atenção Primária no Estado, que ainda padece de muitas doenças e agravos que
podem ser resolvidos e controlados nesse nível de atenção à saúde. Como
exemplo, o secretário citou a malária, cujo controle depende de diagnóstico
precoce da doença e diabetes e hipertensão arterial, que quando bem controladas
evitam o agravamento, sequelas e morte do paciente.
Helio Franco disse que ainda há muito problema de
atendimento, citando que em 2012, 78 mulheres morreram antes, durante ou após o
parto, sendo 40% por hipertensão arterial, doença que poderia ter sido tratada
durante o pré-natal.
O titular da Sespa defende, no entanto, que saúde não
depende apenas da presença do médico mas também de alimentação, educação,
moradia, saneamento e renda, que são fundamentais para que a população adoeça
menos.
Sobre as críticas feitas por entidades médicas ao Programa
Mais Médicos, ele disse que grande parte dos médicos que atua na Inglaterra,
Canadá e Estados Unidos são estrangeiros. “O importante é que tenham capacidade
técnica e haja um acompanhamento permanente por parte das instituições de
saúde, muitos têm mestrado e doutorado”, observou.
O secretário lembrou, ainda, que o Governo do Estado também
está investindo em novos cursos de medicina e residências médicas nos
municípios do interior do Pará, para fixar mais médicos nas cidades com maior
carência.
O coordenador de Atenção Básica do MS, Antonio Ribas,
informou que os médicos do Programa Mais Médicos serão supervisionados por 40
instituições de ensino superior, que vão considerar vários quesitos, tais como
cumprimento de carga horária, conhecimento e satisfação do usuário.
Ele disse que inicialmente o Programa beneficiará 400 mil
pessoas no Pará e dois milhões no Brasil, especialmente nas cidades que têm
muita dificuldade de fixar médicos. “O Programa terá novas etapas para suprir a
necessidade dos municípios brasileiros”, acrescentou Ribas.
O vice-presidente do Cosems, Newton Pereira, que é
secretário municipal de Saúde de Soure, também vê como positivo o Mais Médicos.
Ele disse que a vinda dos cubanos foi bastante debatida pelo Cosems em Brasília
e no Estado e está sendo vista como positiva pelos gestores municipais de
Saúde, que não conseguem fixar médicos em seus municípios, apesar de pagarem
salários exorbitantes.
Um exemplo disso está no município de Bagre, que paga R$ 20
mil para um médico ficar 20 dias. De acordo com o secretário municipal de lá,
Gleyson Rodrigues de Souza, Bagre vai receber dois médicos cubanos e ele não
tem dúvida de que “eles vem para somar, oferecer melhor atendimento à população
e trabalhar com humanismo”.
Uma das primeiras cubanas a desembarcar em Belém foi Xiomara
Judith Aguilar Carracedo, que atuará em Rurópolis, na Região do Tapajós,
juntamente com mais dois colegas.
Ela tem 25 anos de formada e já atuou em outros países da
América Latina. Pós-graduada em Medicina de Família, Xiomara disse à imprensa
que sua expectativa é positiva e que sua intenção é “cooperar com o povo
brasileiro”.
O médico brasileiro Rogério de Amorim Oliveira se formou na
Argentina há três anos e vai atuar em Altamira. Ele disse que já conhece o
município, teve a oportunidade de fazer internato em Belém e sabe quais são as
doenças mais prevalentes na população.
Ele concorda que os médicos formados no exterior passem pelo
Revalida, mas disse que as entidades médicas deveriam se informar melhor sobre
a finalidade do Programa Mais Médicos e não fazer um pré-julgamento da
iniciativa. “Não viemos tirar o trabalho de ninguém, viemos somar com vistas a
fortalecer o vínculo entre médico e paciente”, afirmou Rogério.
Texto:
Roberta Vilanova - Sespa
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