O carnaval de Óbidos, no oeste paraense, vem se consolidando
como um dos mais tradicionais do Pará. A edição do Carnapauxis 2016 deve
movimentar um público de 150 mil brincantes durante os sete dias da
programação. Entre os foliões, um número cada vez maior de turistas oriundos de
outras cidades e até de outros estados. A tradição ganha forma na figura do
Mascarado Fobó, personagem típico do carnaval obidense conhecido por sua
indumentária, que inclui o capacete colorido, a máscara, a bexiga de boi, o 'dominó'
(espécie de macacão florido) e a maisena, usada na "batalha do pó",
que acontece entre os brincantes dos blocos.
O carnaval de rua é animado pelos blocos tradicionais de
Óbidos. Todos os dias um deles desce as ruas da cidade arrastando multidões. O
destino final é o Fobódromo, onde a folia acontece até a terça-feira gorda, dia
9. Já na chegada à cidade, os visitantes que vem por via fluvial são
recepcionados pelos Mascarados Fobó. “É o melhor carnaval do oeste paraense.
Aqui tem muita alegria, criatividade, diversão e originalidade”, atesta Brenda
Marques, 42 anos, turista de Manaus (AM).
No sábado, 6, a folia ficou por conta do Bloco Águia Negra,
que comandou o arrastão pelas ruas da cidade. No domingo, 7, o Bloco Xupa Osso,
‘apelido’ dado a quem nasce em Óbidos, foi a grande atração. “Quem nasce em
Santarém é chamado de 'mocorongo', quem nasce em Oriximiná, é conhecido por
'espoca bode', e assim, para cada cidade daqui do oeste paraense existe uma
denominação”, explica o professor Dayan Serique.
O percurso feito pelo Xupa Osso incluiu a Praça Barão do Rio
Branco, as ruas Eloy Simões, Justo Chermont, Bom Jesus, travessa Lauro Sodré,
avenidas Picanço Diniz, Nelson Souza, Pedro Álvares Cabral, retornando pelas
travessas Lauro Sodré, Bom Jesus e rua Justo Chermont, com chegada no
Fobódromo.
“É um carnaval de rua bonito e gostoso de se brincar. A
alegria da festa é temperada pela hospitalidade do obidense e também pela
segurança, que é um fat.or essencial para que as pessoas possam se divertir com
tranquilidade”, garante a secretária administrativa Ágata Pereira, 24 anos, que
veio de Santarém participar do Carnapauxis.
A cidade de Óbidos nunca teve um carnaval violento. Mesmo
assim o governo do Estado aumentou o efetivo das polícias Civil e Militar no
município e planejou ações para garantir a segurança dos foliões de rua. O
comandante da PM em Óbidos, Tenente Arthur Vasconcelos, solicitou 50 homens
para o reforço do policiamento no município, além do apoio do Grupo Tático
Operacional.
O efetivo local faz o policiamento durante o dia, enquanto a
equipe deslocada para o município garante as ações no período noturno. “Ficou
definido que o reforço vindo do Comando Regional vai trabalhar desde a saída
dos blocos até a finalização do carnaval e a nossa guarnição vai fazer a
segurança durante o dia, principalmente visando a parte preventiva e de
educação, já que muita gente aproveita o período para sair da cidade”, disse o
comandante.
Nesta segunda-feira, 8, o Bloco Unidos do Morro será estrela
da noite. O trajeto a ser percorrido pelo Unidos do Morro será travessa
Tiradentes, ruas Nelson Souza e Picanço Diniz, travessa Dr. Machado, rua Justo
Chermont até o Fobódromo. O Carnapauxis encerra na terça-feira, 9, com o
arrastão do Bloco das Virgens, um dos mais tradicionais e antigos da cidade.
História - O carnaval de Óbidos tem origem na colonização
portuguesa. Segundo a literatura local, as famílias tradicionais da cidade
realizavam os “entrudos” – batalha festiva em que eram utilizadas fuligem de
panela, farinha de trigo e tinta para “atacar” os transeuntes. A brincadeira
durou até 1918, quando a diversão das famílias foi substituída pelas festas
carnavalescas, dando origem aos grandes bailes e aos blocos.
O primeiro, chamado de “Os espanadores”, era formado só por
militares. Havia também os cordões carnavalescos e os mascarados que se
fantasiavam para falar mal dos políticos e pessoas importantes da cidade. No
final da década de 70, por conta de uma crise político-econômica, o carnaval de
Óbidos praticamente desapareceu, ficando se expressão por quase vinte anos. Em
1997 ele ressurgiu a partir da mobilização de grupos populares e hoje é uma das
grandes atrações do município.
Alailson Muniz
Agência Pará
Secretaria de Estado de Comunicação
Comentários