(Carta Capital) - O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava no Supremo
Tribunal Federal, autorizou nesta terça-feira 30 o interrogatório de Michel
Temer no inquérito em que o peemedebista é alvo de graves acusações de
delatores da JBS.
O interrogatório poderá ser feito por escrito e deve ser
respondido pelo atual presidente 24 horas após a entrega das perguntas pela
Polícia Federal.
Fachin também decidiu separar o inquérito do senador Aécio
Neves (PSDB-MG) da investigação sobre Temer, que também inclui o deputado
Rodrigo Rocha Loures. Flagrado com uma mala de 500 mil reais, Loures tornou-se
uma das maiores dores de cabeça da Presidência.
No domingo 28, Temer nomeou para o ministério da Justiça
Torquato Jardim no lugar de Osmar Serraglio, alvo da Operação Carne Fraca. Com
a mudança, Temer tentou realocar o ex-ministro, eleito deputado em 2014, em uma
nova pasta, mas Serraglio rejeitou assumir o Ministério da Transparência.
Caso volte a assumir seu mandato como parlamentar, o
ex-ministro da Justiça substituiria Loures, suplente de Serraglio na Câmara. A
perda de foro privilegiado do atual deputado, ex-assessor da vice-presidência
de Temer, é vista com preocupação pelo Planalto. Em conversa gravada com
Joesley Batista, o peemedebista afirmou que Loures era da sua "mais
estreita confiança".
Segundo reportagem do portal "Uol", Temer cogita
nomear um deputado do PMDB do Paraná para algum ministério, com o objetivo de
abrir uma nova vaga para o partido na Câmara e, assim, preservar o mandato
parlamentar de Loures.
A troca no comando da Justiça foi anunciada no domingo 28
pelo Palácio do Planalto. Nos bastidores, articuladores de Michel Temer não
escondem que a ideia da mudança é interferir na Lava Jato, como afirmaram ao
jornalista Gerson Camarotti, da GloboNews.
Segundo o jornalista, o objetivo da nomeação de Torquato
Jardim é "retomar a influência sobre a Polícia Federal", uma vez que
a força policial é subordinada ao Ministério da Justiça. "O Planalto optou
por Torquato por considerá-lo com personalidade suficiente para retomar o
controle da PF", escreve Camarotti nesta segunda-feira 21 em seu blog no
portal G1.
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