Angelo preso à pedido do próprio MPF |
De acordo com o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Villela foi preso por suposto
envolvimento com a operação Greenfield – que apura fraudes em fundos públicos
de pensão e favorecimento a uma empresa de celulose controlada pelo
conglomerado J&F, que também abarca o frigorífico JBS.
As buscas da PF no TSE se
resumiram apenas à sala de Ângelo Goulart Villela, no quinto andar do prédio.
Foram procuradas informações no computador dele. O material apreendido (um HD
externo, um celular, documentos e mídias) integra o patrimônio do Ministério
Público Federal.
De acordo com a
Procuradoria-Geral Eleitoral, a operação não tem "qualquer relação com a
Justiça Eleitoral ou com processos que nela tramitam".
De acordo com a página do
tribunal na internet, Villela é "membro auxiliar" na
Procuradoria-Geral Eleitoral. Pelo regimento, o procurador auxiliar é
"aquele que, em razão da necessidade de serviço, poderá ser designado pelo
procurador-geral Eleitoral, dentre os membros do Ministério Público Federal,
para oficiar perante os tribunais regionais eleitorais".
Delação da JBS
A operação teria tido início
após a delação do dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, que entregou à
Procuradoria-Geral da República (PGR) uma gravação do senador Aécio Neves
pedindo a ele R$ 2 milhões. No áudio, com duração de cerca de 30 minutos, o
presidente nacional do PSDB justifica o pedido dizendo que precisava da quantia
para pagar sua defesa na Lava Jato. A informação foi divulgada pelo jornal
"O Globo" na quarta-feira (17).
Após a publicação da
denúncia, a assessoria de imprensa de Aécio Neves afirmou que o senador
"está absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus
atos".
"No que se refere à
relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem
qualquer envolvimento com o setor público. O senador aguarda ter acesso ao
conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos
necessários", diz o texto.
'Não se sabe qual vai ser o estrago
dessa delação na economia brasileira', diz Valdo Cruz
Veja um resumo das notícias
sobre a delação
A delação dos irmãos Joesley
e Wesley Batista, donos do frigorífico JBS, levantou suspeitas sobre o
presidente Michel Temer (PMDB), o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o senador Zezé
Perrela (PSDB-MG), o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e o
procurador da República Ângelo Goulart Villela.
Nesta quarta, "O
Globo" informou que o dono da JBS gravou Temer dando aval para comprar o
silêncio de Eduardo Cunha.
O presidente disse que se
reuniu com o empresário Joesley Batista, mas "jamais" tentou evitar a
delação de Cunha.
Aécio é investigado por pedir
R$ 2 milhões à JBS para pagar pela sua defesa na Lava Jato. O tucano nega.
Os depoimentos desencadearam
decisões no STF e operações da Polícia Federal.
A Procuradoria Geral da
República (PGR) pediu a prisão de Aécio Neves, mas o ministro Edson Fachin
autorizou apenas o afastamento dele do Senado.
O STF também autorizou o
afastamento do deputado Rodrigo Rocha Loures. Ele teria sido indicado por Temer
para receber propina.
A polícia faz buscas em
endereços ligados a Aécio Neves no Rio, Brasília e em Minas Gerais.
A irmã do senador, Andrea
Neves, foi presa em Belo Horizonte.
Os gabinetes do senador Zezé
Perrela (PSDB-MG) e do deputado Rodrigo Rocha Loures também são alvos de
buscas.
Agentes da PF foram à casa de
Rocha Loures em Curitiba.
A PF prendeu o procurador da
República Ângelo Goulart Villela, do TSE. Ele é suspeito de favorecer uma
empresa do grupo J&F.
Nota Pública
Prisão do Procurador da República Ângelo
Goulart Villela
A ANPR está acompanhando os fatos, na medida do possível,
considerando que o processo está sob sigilo
Brasília (18/05/2017) - A Associação Nacional dos Procuradores
da República (ANPR) vem a público confirmar a prisão do procurador da República
e membro da Diretoria da ANPR, Ângelo Goulart Villela, executada na manhã desta
quinta-feira, 18. O pedido foi solicitado pelo próprio Ministério Público
Federal, por meio do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo
Tribunal Federal (STF).
O caso demonstra que qualquer investigação do MPF é
impessoal e respeitadora do estado de direito. As apurações têm de prosseguir
sempre, independentemente dos envolvidos.
A ANPR está acompanhando os fatos, na medida do possível,
considerando que o processo está sob sigilo. Como em qualquer investigação, não
cabem julgamentos precipitados, e sim as medidas legais e o curso de
investigações.
O cumprimento do mandado de prisão foi executado por membros
do MPF com o apoio da Polícia Federal. O procurador da República Ângelo Goulart
Villela já foi exonerado da função eleitoral pelo Procurador-Geral da República
e também afastado da Diretoria da ANPR.
A ANPR continuará acompanhando o caso.
José Robalinho Cavalcanti
Procurador Regional da República
Presidente da ANPR
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