Indígenas Munduruku ocupam canteiro de hidrelétrica na bacia do Tapajós

Cerca de 200 indígenas do povo Munduruku ocuparam de forma pacífica, no último dia 16, o canteiro de obras da usina hidrelétrica de São Manoel, localizada no rio Teles Pires, na divisa entre o Mato Grosso e o Pará. Eles representam 138 aldeias da bacia do Tapajós e exigem um encontro com representantes do governo e das empresas responsáveis pelas obras das hidrelétricas no rio Teles Pires.

A ocupação busca soluções para diversos problemas vividos pelos povos da região a partir da construção das hidrelétricas de Teles Pires e de São Manoel, no rio Teles Pires, formador do Tapajós. Ambos os empreendimentos causaram a destruição de locais sagrados que são de extrema importância para estes povos e também desrespeitaram o direito à Consulta Prévia, Livre e Informada prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Lideranças indígenas afirmam que a ação ajuda a dar visibilidade às injustiças causadas por esses empreendimentos e reforça a necessidade desses povos serem ouvidos pelo governo e pelas empresas responsáveis. 

Em trecho da carta divulgada pelos munduruku no domingo, com o título “Porque nós munduruku estamos aqui?”, eles explicam alguns dos motivos para a ocupação: “Os nossos locais sagrados karobixexe e Dekuka’a foram violados e destruídos. Nossos ancestrais estão chorando segundo nossos Pajés. O nosso rio Teles Pires e Tapajós estão morrendo. Nossos direitos, que estão garantidos pela Constituição Federal e que passaram a existir depois de muito sangue indígena ter sido derramado, estão sendo violados. Nem mesmo o nosso protocolo de consulta foi respeitado”. (Leia a carta na íntegra aqui).


No dia 17 de julho foi divulgada a segunda carta do povo Munduruku sobre a ocupação, afirmando que o presidente da Funai confirmou sua presença no local.

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