Promotores vão investigar execução. |
Um delegado e um investigador da
polícia civil que participaram da operação em Pau D’Arco fizeram delação
premiada ao MPPA e estão colaborando para esclarecer as ocorrências da operação
policial, que inicialmente se destinava ao cumprimento de mandados de prisão,
mas que resultou na morte de 10 pessoas identificadas como agricultores.
Na delação, os policias civis
citaram episódios da operação que indicam que houve crime de execução. Segundo
os delatores, os policiais militares fizeram um cerco aos agricultores e
realizaram perseguição por uma mata fechada localizada dentro da fazenda.
Estava chovendo durante a perseguição. Ao chegarem ao local do crime, os
policiais civis encontraram cadáveres no chão e pessoas feridas. Algumas delas
estavam algemadas e ainda vivas.
“Quando os policiais civis
chegaram ao local do crime, foram abordados pelos policiais militares, que
diziam ‘E aí, delegado, como é que vai ser? Não pode sair ninguém vivo daqui’,
num claro sinal de intimidação”, contou o promotor de justiça Alfredo Amorim,
que coordena o processo investigatório. “A intimidação era para que os
policiais civis aderissem aos crimes ou poderiam se tornar vítimas também”,
completou.
“Já se delineava desde o início
da investigação uma execução, pela desproporção do armamento entre policiais e
agricultores e por não ter havido dano à Polícia Militar. Não houve confronto.
No decorrer das investigações e com a delação de dois policiais civis, nós
concretizamos a hipótese inicial de execução, que foi materializada”, afirmou o
promotor Alfredo Amorim.
A entrevista coletiva foi
realizada na sede da Promotoria de Justiça de Redenção e reuniu o
procurador-geral de justiça Gilberto Valente Martins, os promotores de justiça
Alfredo Amorim, José Alberto Grisi, Leonardo Caldas e Ítalo Costa, e a
procuradora da república Tatiana Versiani.
O promotor de justiça Leonardo
Caldas reforçou a tese de execução ao informar que a prova técnica produzida
até o momento caminha neste sentido. “Os tiros dados nas vítimas não foram à
distância. Parte dos tiros foi dada à queima-roupa. A direção destes foi de
cima para baixo. Tudo isso, desde que recebemos a prova pericial, indica a
execução. Nenhuma das dez vítimas tinha resquícios de pólvora nas mãos. É
difícil imaginar cenário de confronto se em um dos lados não houve
resistência”, ressaltou.
Alfredo Amorim destacou que o
pedido de prisão temporária foi destinado a 13 policiais pois não há indícios,
até o momento, de que outros agentes da segurança publicaram tiveram
envolvimento nas mortes – mais de 20 policiais, lotados nos municípios de
Redenção, Xinguara e Conceição do Araguaia, estavam envolvidos na operação na
fazenda Santa Lúcia. Todos os presos atuam em Redenção.
A prisão é temporária por 30 dias
a fim de que não haja interferências nas investigações. Havia notícias de que
os policiais militares suspeitos de participação nas mortes estavam abordando e
intimidando policiais civis e outras testemunhas. A prisão pode ser prorrogada
ou convertida em prisão preventiva, conforme análise do MPPA, responsável pela
ação penal.
As investigações do MPPA
continuam para apurar novos elementos que auxiliem no esclarecimento das mortes
ocorridas em Pau D’Arco. Algumas medidas ainda dependem de laudos técnicos. Uma
das linhas de investigação é de que houve um suposto financiamento das mortes
na fazenda Santa Lúcia.
“Serão responsabilizados não só
aqueles que agiram para ceifar a vida das pessoas, como também aqueles que
deveriam ter agido para evitar ou tomar providências imediatas por conta do
crime que foi praticado”, antecipou o procurador-geral de justiça do Pará,
Gilberto Martins.
DELAÇÃO PREMIADA
O procurador-geral de justiça
destacou ainda a importância da delação premiada para o avanço das
investigações. “A colaboração que está sendo feita, o réu colaborador, pode
inclusive incluir uma confissão do crime e colaborar com a justiça. Com isso,
este réu pode ter benefícios no seu julgamento, que pode importar desde a
redução da pena ou mesmo o perdão judicial”, explicou. Os delatores foram
incluídos em programa de proteção de testemunhas,
Gilberto Martins destacou que a
Procuradoria-Geral de Justiça está acompanhando de perto a apuração das mortes
em Pau D’Arco. “Desde o início venho dando prestando apoio irrestrito à esta
apuração. O acompanhamento é diário até para prestar qualquer apoio aos
promotores que conduzem a investigação”, frisou o procurador-geral, que esteve
em Redenção pela segunda vez num período de 45 dias.
PEDIDO DE PRISÃO
A Justiça estadual acatou o
pedido de prisão temporária feito pelo Ministério Público do Estado do Pará
(MPPA) contra 11 policiais militares e 2 civis, pela participação no fato
ocorrido no município de Pau D'Arco, que vitimou 10 trabalhadores rurais que
ocupavam a fazenda Santa Lúcia. Os promotores de justiça de Redenção Alfredo
Martins de Amorim, José Alberto Grisi Dantas e Leonardo Jorge Lima Caldas
assinam o pedido de prisão temporária.
Em breve o MPPA irá oferecer à
Justiça a denúncia sobre as mortes em Pau D'Arco.
Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público do Estado do
Pará
(91) 4006-3586 | (91) 4006-3487 |
(91) 98871-2123
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