Terrorismo: carros ‘do Ibama’ são queimados em Altamira

Carros após o incêndio criminoso: clima tenso.
Foto: divulgação/whatsapp
Por Alailson Muniz – Oito veículos que seriam colocados a serviço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), em Santarém, e que estavam sendo transportados em um caminhão cegonha foram incendiados na Santarém-Cuiabá (BR-163) nesta quinta-feira (6), no município de Altamira, no Pará. O crime ocorreu perto da Floresta Nacional do Jamanxim, na região de Cachoeira da Serra. A região é um verdadeiro barril de pólvora que deve ser aceso a qualquer momento pela ausência do Estado e pela certeza da impunidade.

A Floresta da região do Jamaxim, no sudoeste paraense, é alvo constante de grileiros e desmatadores, vindo principalmente de outros estados. A última operação da Polícia Federal na região revelou um esquema de extração ilegal de madeira que envolve mais de meio bilhão de reais. É área de atuação dos dois maiores desmatadores do mundo segundo investigações da PF e do Ministério Público Federal (MPF).
Uma das cegonhas se livrou do ato criminoso.

Em diversos municípios da região, grupos de WhatsApp expuseram fotos das duas cegonhas com os carros do Ibama desde ontem, como se estivessem sendo rastreados. Alguns comentários incitavam ao ato de vandalismo, justificando que o Ibama deveria pagar com a mesma moeda. Para quem conhece a realidade da região, a queima dos veículos foi um crime anunciado, pois a referência remete à atuação do órgão na região do oeste paraense, onde algumas vezes ocorre a queimada de serrarias e equipamentos utilizados por quem explora a floresta de forma ilegal.

Após a divulgação das fotos das picapes queimadas, vários áudios foram virilizados com versões irônicas do ato criminoso: uns diziam que o fogo foi ocasionado por um raio, ou que foi motivado pelo chimarrão muito quente que o motorista bebia e etc. Todos num tom de comemoração e deboche.

A região vive ainda uma agenda de bloqueios da rodovia em protesto ao veto do presidente Michel Temer às Medidas Provisórias 756 e 758, que permitiriam a exploração de grande parte da floresta e sua derrubada para a construção de uma ferrovia cujo destino final seria o porto de Miritituba, em Itaituba.

Após o ataque, a presidente do Ibama, Suely Araújo, anunciou a paralisação das atividades de todas as serrarias da região. Uma declaração de guerra que ainda terá outros gestos de retaliação.


Enquanto, os dois lados brincam de guerra sob o olhar pálido da Justiça, as florestas da região são devastadas e uma população pobre e carente de serviços públicos tem que se submeter a uma espécie de Robin Hood às avessas. Milionários, idolatrados por propagarem que são os responsáveis pelo desenvolvimento da região. Mas basta andar pelas ruas das cidades, que há décadas, os bilhões retirados da floresta, não refletem na melhoria de vida da população. Outrossim, os milionários presos nas operações relacionadas aos crimes contra o meio ambiente na região têm a maior parte dos seus bens e fortunas hospedados fora do estado ou do país.

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