Carros após o incêndio criminoso: clima tenso. Foto: divulgação/whatsapp |
A Floresta da região do Jamaxim,
no sudoeste paraense, é alvo constante de grileiros e desmatadores, vindo
principalmente de outros estados. A última operação da Polícia Federal na
região revelou um esquema de extração ilegal de madeira que envolve mais de
meio bilhão de reais. É área de atuação dos dois maiores desmatadores do mundo
segundo investigações da PF e do Ministério Público Federal (MPF).
Uma das cegonhas se livrou do ato criminoso. |
Em diversos municípios da região,
grupos de WhatsApp expuseram fotos das duas cegonhas com os carros do Ibama
desde ontem, como se estivessem sendo rastreados. Alguns comentários incitavam
ao ato de vandalismo, justificando que o Ibama deveria pagar com a mesma moeda.
Para quem conhece a realidade da região, a queima dos veículos foi um crime
anunciado, pois a referência remete à atuação do órgão na região do oeste
paraense, onde algumas vezes ocorre a queimada de serrarias e equipamentos
utilizados por quem explora a floresta de forma ilegal.
Após a divulgação das fotos das picapes
queimadas, vários áudios foram virilizados com versões irônicas do ato
criminoso: uns diziam que o fogo foi ocasionado por um raio, ou que foi
motivado pelo chimarrão muito quente que o motorista bebia e etc. Todos num tom
de comemoração e deboche.
A região vive ainda uma agenda de
bloqueios da rodovia em protesto ao veto do presidente Michel Temer às Medidas
Provisórias 756 e 758, que permitiriam a exploração de grande parte da floresta
e sua derrubada para a construção de uma ferrovia cujo destino final seria o
porto de Miritituba, em Itaituba.
Após o ataque, a presidente do
Ibama, Suely Araújo, anunciou a paralisação das atividades de todas as
serrarias da região. Uma declaração de guerra que ainda terá outros gestos de
retaliação.
Enquanto, os dois lados brincam
de guerra sob o olhar pálido da Justiça, as florestas da região são devastadas
e uma população pobre e carente de serviços públicos tem que se submeter a uma
espécie de Robin Hood às avessas. Milionários, idolatrados por propagarem
que são os responsáveis pelo desenvolvimento da região. Mas basta andar pelas
ruas das cidades, que há décadas, os bilhões retirados da floresta, não
refletem na melhoria de vida da população. Outrossim, os milionários presos nas
operações relacionadas aos crimes contra o meio ambiente na região têm a maior
parte dos seus bens e fortunas hospedados fora do estado ou do país.
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