Carlos Marun: mensagem a Temer. |
Em mensagem encaminhada a Meirelles e a deputados do MDB,
Marun afirma que o partido "tem um ótimo candidato" e
"liberdade" para estabelecer um programa "que não seja refém das
mazelas de um presidencialismo de coalizão".
Segundo o ministro, responsável pela articulação política do
governo Michel Temer, esse sistema -praticado pelo presidente, inclusive- tem a
"tendência de transformar-se em um balcão de negócios".
"Vamos desburocratizar as eleições, mas punir realmente
o uso de dinheiro ilegal nos pleitos. Podemos propor uma forma de leniência
para o caixa dois já praticado e o criminalizarmos para o futuro", diz o
texto do ministro ao qual a Folha teve acesso.
E segue: "Vamos propor mandatos para o STF, revogar a
Lei da Bengala, votar a Lei do Abuso de Autoridade, e criarmos uma Corte
Constitucional que possa dirimir conflitos entre as decisões do STF e a
Constituição Federal".
O ministro ainda afirma que a candidatura do MDB deve propor
a manutenção do Bolsa Família -principal bandeira dos governos do PT-, mas que
a gratuidade absoluta no atendimento pelo sistema público de saúde deve ser
restrito apenas "para aqueles que são realmente carentes". Nos outros
casos, defende Marun, é preciso cobrar um valor mínimo.
"Vamos manter o Bolsa Família, mas vamos propor um
valor mínimo para o atendimento pela saúde pública, mantendo a gratuidade
absoluta somente para aqueles que são realmente carentes", escreveu.
À reportagem, Meirelles confirmou que recebeu o texto de
Marun. "Vou ler com cuidado e conversar para a redação do programa de
governo", disse.
Outro ponto destacado pelo ministro como uma possível
proposta da candidatura de Meirelles é a obrigatoriedade para que emissoras de
TV concessionárias públicas apresentem diariamente, das 9h às 11h e das 14h às 16h,
programas educativos produzidos pelo estado.
No documento, Marun afirma que é preciso "radicalizar
nas privatizações" e propor a autonomia do Banco Central, além de exaltar
a necessidade de fazer a reforma da Previdência -a proposta foi encaminhada por
Temer ao Congresso mas, sem força política e às vésperas das eleições, o
presidente a viu naufragar no início deste ano.
O documento também funciona como uma espécie de resposta do
ministro ao apoio que partidos do centrão -DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade-,
todos da base de Temer, fecharam em torno da pré-candidatura de Geraldo Alckmin
(PSDB) ao Planalto. Mesmo com cargos no governo, as siglas não quiseram firmar
aliança com Meirelles, que hoje tem 1% nas pesquisas ante aos 7% do tucano.
Antes crítico à candidatura de Meirelles, Marun agora
estimula a candidatura do ex-ministro da Fazenda e afirma que a atitude de
Alckmin de não apoiar Temer na votação das duas denúncias contra o presidente,
derrubadas na Câmara no ano passado, torna o tucano "não merecedor"
do respaldo do MDB.
Ele chama de "débil mental" o presidenciável do
PDT, Ciro Gomes, e diz que a o governo "ajudou" o acordo com Alckmin
ao "vetar" o apoio do centrão a Ciro.
Leia abaixo a íntegra da mensagem:
"Colegas, estive refletindo sobre a situação de nossa
pátria e conclui que existem males que veem para bem. Estamos agindo
corretamente. A atitude de Alckmin nas denúncias o torna não merecedor do nosso
apoio. Ajudamos a sua candidatura é verdade, ao vetarmos o apoio do Centrão ao
débil mental do Ciro Gomes.
Este apoio foi para os tucanos, mas isto não é de todo ruim.
Sabemos que a tucanidade de Alckmin não o faz o candidato para o agora. Temos
um ótimo candidato e temos liberdade para estabelecermos um projeto realmente
modernizador e que não seja refém das mazelas de um presidencialismo de
coalizão que sabemos ter sempre a tendência de transformar-se em um balcão de
negócios. Um projeto que vá além da Economia. Somos ou não somos um partido
reformista?
Se somos, chegou a hora da ousadia. Conclamo os companheiros
a apresentarmos à nação um plano realmente arrojado, que dê continuidade às
conquistas do nosso Governo Temer. Com coragem de dizer a verdade. Confiantes
na vitória, mas sem medo da derrota.
Vamos reafirmar nosso compromisso absoluto com a responsabilidade
fiscal. Vamos assumir o compromisso de fazermos ainda em novembro a Reforma da
Previdência. Quanto a política, nós sabemos que ela tem que mudar. Vamos propor
em janeiro uma reforma política que realmente reduza o número de partidos,
acabe com a reeleição para o executivo, reduza o número de parlamentares nas
casas legislativas da União, Estados e Municípios e reduza proporcionalmente
estas despesas.
Vamos desburocratizar as eleições, mas punir realmente o uso
de dinheiro ilegal nos pleitos. Podemos propor uma forma de leniência para o
Caixa Dois já praticado e o criminalizarmos para o futuro. Vamos propor uma
verdadeira reforma da administração pública com a relativização da estabilidade
e com um teto salarial de acesso ao serviço público não superior um terço do
teto de saída.
Vamos radicalizar nas privatizações e propor a autonomia do
Banco Central. Vamos propor mandatos para o STF, revogar a Lei da Bengala,
votar a Lei do Abuso de Autoridade, e criarmos uma Corte Constitucional que
possa dirimir conflitos entre as decisões do STF e a Constituição Federal.
Vamos propor um Conselho Superior para as Polícias, para que
não prospere o Estado Policialesco e as ações dos maus policiais tenha controle
externo. Vamos propor medidas que possibilitem um real combate a criminalidade,
duras mas realísticas. Vamos ter coragem de dizer que cadeias são hoje
universidades do crime. Que lá devem estar os reincidentes e aqueles que
representam perigo para a sociedade. Que em relação aos outros tipos de crime
temos que propor medidas duras mas alternativas. Que é uma imbecilidade
ficarmos sustentando delinquentes em presídios para que eles saiam dali
criminosos perigosos.
Vamos deixar claro que existem só Três Poderes na Republica
e que eles devem se respeitar. Vamos manter o Bolsa Família, mas vamos propor
um valor mínimo para o atendimento pela saúde pública, mantendo a gratuidade
absoluta somente para aqueles que são realmente carentes.
Vamos apoiar a educação criando a obrigatoriedade das TVs
concessionárias públicas de apresentarem diariamente das 9 às 11hs e das 14 às
16hs programas educativos produzidos pelo estado.
Vamos..., vamos..., vamos ousar!
Se vencermos, será uma vitória do Brasil. Se isto não
acontecer, pelo menos teremos o orgulho de não termos participado da eleição a
passeio.
Coragem MDB e vamos em frente!"
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