Amazônia ilegal

Cerca de 90% de toda a madeira produzida na Amazônia tem origem ilegal, segundo estimativas da coordenadora do projeto Cidades Amigas da Amazônia da organização não-governamental (ONG) Greenpeace, Adriana Imparato. Em entrevista à agência Brasil, Imparato disse que a projeção tem como base números do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Quase 17% da Amazônia já teria sido desmatada. De acordo com ela, 64% de toda a madeira produzida no Brasil é consumida pelo mercado interno. "Somos nós que estamos alimentando e financiando a destruição da floresta, comprando essa madeira", afirmou. O Greenpeace alega que um terço de toda a madeira produzida é consumida pela máquina do Estado. "A máquina do Estado está cometendo um crime ambiental comprando madeira de origem ilegal, de desmatamento", afirmou Imparato. Por isso, segundo ela, a organização ambientalista defende a criação de leis que regulamentem o consumo de madeira pelos órgãos públicos. O Estado brasileiro que mais compra madeira é São Paulo, que consome cerca de 15% de toda a produção do país. Os demais Estados do Sul e Sudeste, juntos, consomem 27% da madeira produzida.
Governo tem R$ 8 bilhões parados em caixa
A menos de dois meses do fim do ano, sobravam no caixa do governo R$ 8,8 bilhões já liberados para investimentos -dinheiro suficiente para fazer duas vezes a transposição do rio São Francisco, obra com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostaria de marcar seu mandato.
O valor representa 56% do limite autorizado para gastos de investimento na Esplanada. Ele mostra que o principal problema enfrentado no governo Lula não é o bloqueio de gastos imposto pelo ajuste fiscal -pivô da divergência entre os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil)-, mas a dificuldade para tirar os investimentos públicos do papel.
A Folha comparou o limite de gastos fixado para investimentos nos ministérios com as despesas pagas em cada um deles até 10 de novembro. Para chegar a um retrato ainda mais fiel dos gastos, foram considerados os pagamentos de contas pendentes de anos anteriores, os "restos a pagar".
A conclusão parece contraditória: embora submetidos a um intenso aperto em relação aos gastos autorizados na lei orçamentária, a maior parte dos ministérios tem dinheiro sobrando.
A conseqüência dessa aparente contradição é que o conjunto dos ministérios deverá produzir até 31 de dezembro uma economia superior à meta de superávit primário com que o governo se comprometeu. Em outras palavras: menos obras em estradas, investimentos em segurança pública, redes de água e esgoto e casas para a população de baixa renda.
O Congresso autorizou o governo a investir R$ 21,1 bilhões em 2005. O ajuste fiscal reduziu o limite de investimentos a R$ 15,7 bilhões, dos quais R$ 6,9 bilhões haviam sido pagos faltando apenas sete semanas e dois dias para o fim do ano. Isso equivale a menos da metade (44%) do que restou para investir após os cortes de verbas impostos pelo ajuste fiscal. Em 10 de novembro, sobravam R$ 8,8 bilhões da verba disponível para investimento.
O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) já admite que o governo acabará economizando mais do que o necessário neste ano. Certo de que o esforço fiscal nos Estados e municípios e nas empresas estatais também vai superar as metas, o ministro não tem dúvidas de que o superávit ficará acima dos 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2005.

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