Greve altera ânimos entre Adufpa e Reitor

Alailson Muniz

Os professores em greve da Universidade Federal do Pará (UFPA) acusam o Reitor da instituição, Alex Fiúza de Melo, de Ter convocado o CONSUN (Conselho Superior Universitário) para coagir os professores que estão paralisados a voltarem a suas atividades. "Tal postura se contradiz com declarações anteriores do reitor de que não convocaria os Conselhos durante a greve, pois embora não estivesse em greve, os docentes estariam", argumenta a Diretoria da Adufpa.
Durante a reunião, o sindicato alega que o Reitor também proibiu os estudantes presentes de se manifestarem, fazendo inclusive um ultimato à categoria. "Se a assembléia não decidisse pelo término da greve, o que não aconteceu, a reitoria iria realizar uma consulta eletrônica para saber a posição dos estudantes correlação a paralisação. O resultado seria confrontado com a deliberação da Assembléia Geral e subsidiaria a decisão na próxima reunião do CONSUN.
Segundo o Reitor Alex Fiúza, dessa decisão futura do CONSUN, podem resultar, "medidas administrativas cabíveis". A Adufpa rebateu a declaração do reitor. "Esta posição chantagista constitui uma outra contradição do reitor, que em audiência com o comando local de greve, havia se manifestado que poderia ser deposto, mas não seria dedo-duro de colegas em greve".
O Reitor ainda classificou a paralisação de uma "greve de universidades periféricas". A Adufpa se manifestou e disse que "o Reitor havia esquecido que essa mesma greve é que conseguiu forçar o governo a disponibilizar o montante de R$ 500 milhões, o que ainda é insuficiente para atender a pauta de reivindicada".
Segundo o Comando de Greve, a imprensa está sendo usada e em alguns casos compactuando com eles classificam de cerceamento de liberdade sindical e constitucional. "É importante enfatizar a enorme gravidade dessa iniciativa de intervenção no movimento sindical, significando um precedente sem igual que pode trazer conseqüências desastrosas para a futura e necessária luta de resistência pela não destruição da universidade pública brasileira".
A Adufpa ainda emitiu nota ratificando a posição de que somente o movimento docente possui o fórum legítimo para tomar suas deliberações, e "que é a Assembléia Geral, onde as decisões são precedidas de amplo debate, contemplando as mais variadas posições, e aberto a docentes sindicalizados ou não". O sindicato diz que os únicos que questionam a legitimidade desse fórum são exatamente os que dele não participam deliberadamente. "Consultas eletrônicas, que convidam alguém a decidir com um clique de mouse, sem o debate necessário são extremamente vulneráveis inclusive ao jogo sórdido de contra-informação hoje executado pelo governo, com a veiculação de notícias absolutamente falsas sobre os ganhos que os docentes teriam ao aceitar a proposta governamental. Jogo no qual se engaja ativamente a administração da UFPA. Basta citar, entre vários outros, a veiculação de artigo do reitor no dia 28/11 no divulga@ufpa.br, que começa por desinformar que ‘as Universidades Federais Públicas brasileiras acabam de sair de mais uma longa greve em sua história’, rebate o sindicato.

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