Lula decide lançar candidatura entre fevereiro e março e acelera acordos para compor alianças

Luiz Inácio Lula da Silva marcou a data para oficializar a sua candidatura a um segundo mandato na presidência da República. Será entre o fim de fevereiro e início de março de 2006. O presidente decidiu também acelerar as consultas para a composição de um staff de campanha e deslanchar a costura da aliança partidária a ser formada em torno do PT.
Em diálogo com um ministro, Lula demonstrou preocupação com a desarticulação de sua candidatura. Mostrou-se surpreso com a antecipação do debate eleitoral. Espantou-se com o noticiário sobre a movimentação daquele que considera seu principal adversário na eleição de 2006: o tucano José Serra.
Lula avalia que, diferentemente de Serra, que já detalha os entendimentos para uma aliança estratégica com o PFL, ele está longe de dispor de um consórcio partidário capaz de dar solidez à sua candidatura. Não sabe nem mesmo se irá contar com as legendas tisnadas pelo escândalo do mensalão: PL, PP e PTB. De certo mesmo, conta por ora com o inexpressivo PC do B, aliado de todas as horas.
O presidente revelou o desejo de atrair para a sua campanha o PMDB. Dispõe-se a entregar ao partido a vaga de vice em sua chapa. Mas reconhece que a idéia não encontra amparo na realidade. Com prévias marcadas para março, o PMDB caminha para uma candidatura própria. Pior: uma ala do partido já ensaia uma composição com Serra num eventual segundo turno.
Para complicar, o diálogo com a cúpula governista do PMDB encontra-se interditado por uma picuinha. Envolve a nomeação do cearense Paulo Lustosa para a direção da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Lustosa é apadrinhado de dois caciques do PMDB: os senadores Renan Calheiros (AL), presidente do Congresso, e José Sarney (AP).
Há cerca de dois meses Lula prometeu que nomearia Lustosa, temporariamente acomodado na presidência da Funasa (Fundação Nacional da Saúde). E, até agora, nada. A demora irrita especialmente Renan. O pior é que a principal resistência a Lustosa está no interior do próprio PMDB. Representante do partido na Esplanada, o ministro Hélio Costa (Comunicações) armou barricadas contra a nomeação.
Lula está aborrecido com outra pendenga conjuntural que o afasta do PMDB. Refere-se à proposta que prevê o fim da verticalização partidária, que obriga as legendas a reproduzirem nos Estados a mesma coligação feita no plano nacional. O PMDB é um dos maiores defensores da eliminação da regra. O PT é contra. O que, na opinião de Lula, reflete uma miopia estratégica de seu partido.
Outro problema de Lula é a dificuldade para compor uma equipe de campanha. Ainda não encontrou uma pessoa para substituir o deputado cassado José Dirceu (PT-SP), coordenador da campanha de 2002. Pensou em Luiz Gushiken. Mas foi desaconselhado. Argumentou-se que a situação de Gushiken, personagem da CPI dos Correios, pode se complicar com o avanço das apurações em torno dos fundos de pensão de estatais.
Outro nome que veio à cabeça de Lula foi o de Ricardo Berzoini (SP), presidente do PT. Gostaria, porém, de entregar a coordenação da campanha a alguém desvinculado da estrutura partidária. O presidente procura também uma pessoa "acima de qualquer suspeita" que possa desempenhar a função de tesoureiro. Não há nome definido. Há apenas um perfil tido como "ideal": o de um empresário.

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