Clima de conflito persiste na Gleba Nova Olinda

Alailson Muniz

Disputas de terras envolvendo madeireiros, comunitários e indígenas tempera o dia a dia das famílias que vivem na Gleba Nova Olinda, em Santarém. A Gleba está localizada na margem esquerda do Rio Maró, e à direita do Rio Aruã, afluentes do rio Arapiuns. Nela estão localizadas 12 comunidades de ribeirinhos e duas comunidades indígenas: São José e Novo Lugar.

A Gleba Nova Olinda pertence ao Estado do Pará. Sendo o Instituto de Terras do Pará (Interpa) órgão responsável por sua situação fundiária. Mas a falta de controle do governo estadual motiva madeireiros e sojicultores a se instalarem no local, abrindo grandes picos para demarcar enormes áreas de extração de madeiras. Tempos depois, as áreas devastadas são usadas para o plantio ilegal da soja.

O Cacique de Novo Lugar, Dadá Borari, informou ao blog que os madeireiros que entraram na Gleba fazem parte de uma cooperativa chamada de Cooperativa Oeste do Pará (Cooepa). A Cooepa aglutina 50 sócios entre sojicultores e madeireiros.

O Cacique informou ainda que o clima é tenso no local e constantes ameaças de morte são feitas às lideranças das comunidades que enfrentam a Cooperativa. “Algumas lideranças se venderam e deixam que as terras de suas comunidades sejam degradadas em troca de telhas, canoas, motores geradores, etc. Mas nós índios estamos resistindo, pois dependemos da floresta e dos rios para sobreviver”, disse Dadá.

A reportagem apurou que a Cooepa já foi denunciada junto ao Instituto Brasileiro do meio Ambiente e de Recursos Naturais (Ibama). Após a denúncia, o Ibama seguiu os passos de uma funcionária do Interpa, residente em Juruti, que estaria negociando terras da Gleba a preços muito abaixo do mercado.

Segundo Dadá Borari, a Cooepa já quase alcançou seu objetivo que é de se apossar de pelo menos 120 mil hectares de terras. O Cacique diz ainda que mais de 200 quilômetros de ramais já foram abertos para o trafego de maquinários. “Grandes balsas chegam transportando tratores, outros maquinários e carros dos madeireiros”, explica Dadá.

Os sócios da Cooepa estão apresentado um mapa, que segundo eles foi elaborado pelo Interpa, no qual há a delimitação das terras pertencentes aos índios e as pertencentes a Cooperativa. O cacique de Novo Lugar conta que os indígenas não têm como se defender, pois não conhecem o procedimento e não têm como verificar se o docuemtno é verdadeiro. Ele pede ajuda aos órgãos fiscalizadores para que interfiram na Gleba. “Estamos isolados na Gleba e sem ninguém para nos ajudar”.

O Cacique contou ao blog que há dois meses e meio, as partes estavam na iminência de confronto. Os madeireiros e indígenas tiveram de marcar um encontro no meio da mata fechada para entrar em consenso e decidir os espaços de cada um. “De tão humilhados e para não morrermos, tivemos de enfrentar os madeireiros dentro da mata e definir a área deles e a nossa, pois precisamos caçar e pescar para alimentar nossas famílias. Marcamos um encontro dentro da mata. Nós fomos armados de arco e flecha e eles com revolveres e rifles”, conta o Cacique.

A Gleba Nova Olinda está a treze horas de barco de Santarém.

Comentários

Anônimo disse…
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