Abandono da BR-163 supera 30 anos

Rodovia - População atraída para a região sofre com o esquecimento e a falta de infra-estrutura

SANTARÉM
Alailson Muniz
Agência Amazônia

O agricultor Luciano Pereira Costa, 63 anos, vive há 34 anos na comunidade Renascer, no Km 129 da rodovia BR-163 (Santarém-Cuiabá). Ele chegou à região em 1973, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), vindo de Querência do Norte, no Paraná. Na bagagem, a promessa de uma vida melhor e muitos sonhos. Hoje, Luciano, que é mineiro, ainda vive no mesmo local com a esposa, Lídia, 54 anos, três filhos e quatro netos. 'Quando chegamos, só tinha estrada e mato', diz. Seduzido pela política do governo militar de 'integrar (para não entregar) a Amazônia', Luciano construiu uma vida à margem da rodovia, mas, até hoje, as promessas do governo não foram concretizadas.

'Vivemos hoje como vivíamos há 50 anos', reclama. O local não possui energia elétrica, água encanada, muito menos transporte e saneamento básico. A escola de ensino fundamental mais próxima fica a 26 quilômetros e o posto de saúde, a 12 quilômetros.

O técnico responsável pelo posto, Jorge Luiz Cavalcante, 53 anos, está há 34 anos na rodovia. Ele diz que a região vive isolada devido às péssimas condições de trafegabilidade da BR. 'No inverno é o atoleiro; no verão, os buracos fazem os carros andarem que nem tartaruga. Uma viagem de duas horas leva cinco, seis'. O posto de saúde não tem medicamentos e nem o mínimo de material para se atender a um simples caso de ferimento.

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