C Mentes que semeiam

* Por Antônio Noel Sanches Dias

A primavera desabrochou misteriosamente. Pétalas sentimentais foram desvirginadas. Libélulas azuis pousaram delicadamente como flocos de algodão no berço da infância. Cacos de vida derramaram-se numa procissão solene.

Um tênue vapor se desprendeu das camadas da memória. Cálidas águas enamoravam grãos de areia dos sentimentos. Espumas de lágrimas tímidas e solitárias, porém cheias de muitos dizeres enfileiravam-se sobre a pele macia das lembranças naquela segredadas manhã.

Era uma manhã brunida pelos fios de ternas histórias daqueles viajantes que cortavam como lâmina a alma imaculada e enternecida pelo sol da inocência. Fragmentos de vidas debruçaram-se em frases tecidas pelo fio condutor dos canteiros imaginários, recortados num cortejo sublime e silencioso. Recordações foram plantadas num suntuoso turbante, acolhedor e aconchegante como um ninho onde se ressoavam sonhos, fantasias e emoções. A infância surgiu encorpada por lépidas salamandras e cegonhas verdes. Ruíram-se as muralhas do medo. Houve uma libertação de idéias. E como pássaros ganharam o mundo. Palavras foram descascadas inexplicavelmente. Foi sentida a essência dos sonhos farfalhando na relva fresca da imaginação.

O conto maravilhoso floresceu-se como o canto de um guerreiro adormecido. As pálpebras apeteceram-se pela doçura tímida das frases cheias de cores e de mistérios. Sementes foram lançadas como olhares macios e penetrantes, não só na superfície das palavras, mas também mergulhando no profundo das idéias. Como entalhadores das emoções, com a alma luminosa pelo calor de mil sóis e numa suave chama que se desprendia dos mantos sagrados da alma, aqueles jovens transformaram-se em


C mentes que

S
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......pequeninos grãos de memória, mas tornando-se grandiosos no sopro da imaginação e da magia do ler, do pensar e do criar porque viajar pela literatura faz bem,
*Professor de Literatura, é Santareno.

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