Para-atleta paraense vai à Pequim

Quando era apenas um recém-nascido de 20 dias, o marabaense Alan Fonteles enfrentou o primeiro desafio de sua vida: devido a uma complicação causada por infecção intestinal, ele teve as duas pernas amputadas. Essa foi apenas a primeira das muitas barreiras que Alan precisou vencer ao longo da vida.
Desde os 8 anos, ele dedica-se ao atletismo. "Um vizinho meu levava o filho para treinar, então resolvi conhecer a pista e gostei", conta o rapaz, que aos 15 anos irá representar o Brasil nas Para-olimpíadas de Pequim, logo após as Olimpíadas.
Apesar da pouca idade, Alan já é um colecionador de medalhas. Desde que começou a correr, ganhou 25, entre competições estaduais, nacionais e internacionais. Recentemente, esteve em Nova Jersey (EUA) para participar do Mundial de Jovens da IWAS, onde além de ganhar ouro nos 100 e nos 200 metros e bronze nos 400m, quebrou o recorde brasileiro dos 100m, fazendo o tempo de 11s96.
O bom desempenho na competição faz com que ele siga confiante para Pequim, mas sem perder a humildade: "A expectativa sempre é grande, mas tenho que treinar bastante para mostrar na hora da prova". O sul-africano Oscar Pistorius, recordista mundial na categoria T43 (duas pernas amputadas) é seu principal adversário, mas Alan prefere não encará-lo dessa forma. "Ele está há mais tempo no para-atletismo. Vai ser muito bom competir com ele", acredita.
Por não haver outros paraenses em sua categoria, quando está no estado Alan treina e compete com atletas sem deficiência. Para ele, trata-se de um desafio a mais. "É até bom correr com eles porque consigo baixar meu tempo. Eu corro para tentar ganhá-los", afirma. O fundista Christiano Parente é outro pára-atleta paraense confirmado para estar em Pequim, competindo entre cegos. "Ele é um atleta esforçado e treina bastante. Participou do Para-Pan no ano passado", conta Alan sobre o amigo.

FAMÍLIA

Em todos os seus compromissos, Alan conta com uma assessoria bem próxima: Cláudia Fonteles, sua mãe, e Samara Fonteles, a irmã mais nova, de apenas oito anos. Ao falar sobre o sucesso do filho, Cláudia não esconde o orgulho. "Ele foi uma bela surpresa para mim. Sempre fico torcendo daqui, onde quer que ele vá", declara, ressaltando os benefícios que a prática do esporte traz à saúde de Alan. "O atletismo é uma fisioterapia. Ajuda muito para que ele tenha uma vida normal", afirma.
De tanto acompanhar as competições do irmão, a pequena Samara acabou se interessando pelo atletismo. Há dois anos a menina treina na Escola Superior de Educação Física. "Ela tem aulas com a Suzete Montalvão, mesma instrutora do Alan. A partir do ano que vem deve começar a competir", conta a mãe.
Texto e Foto: Ag. Pará

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