Mais de 20 horas de rebelião

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Terminou por volta das 17h30 de ontem a rebelião dos 240 presos dos regimes provisório e semiaberto da Penitenciária Silvio Hall de Moura, em Santarém. Após mais de 20 horas como reféns dos detentos, três agentes prisionais foram liberados. Antes disso, o primeiro refém foi solto na manhã de segunda-feira. Não há registro de mortos e feridos.

As negociações iniciaram-se ontem e os presos exigiram a presença de promotores e juízes que ajudaram no fim da rebelião, que começou no domingo. Logo após a liberação dos reféns, policiais do Grupo Tático e da tropa de choque da Polícia Militar entraram no presídio e desarmaram os amotinados. Foram encontrados grades retorcidas e colchões queimados. Técnicos do Centro de Perícias Renato Chaves fizeram a vistoria nas alas e engenheiros de Belém vão a Santarém para checar os danos causados na estrutura do local.

O diretor do Núcleo de Administração Penal do Estado, major Augusto, vai ficar no município para avaliar as reivindicações dos encarcerados, que exigem, além de melhores condições na penitenciária, a saída da atual diretora, Eceila Menezes. O Centro de Recuperação Silvio Hall de Moura tem capacidade para 360 detentos, mas atualmente comporta 593. A rebelião também serviu para protestar contra a superlotação da casa penal.

Segundo informações, no domingo, o motim iniciou-se no pavilhão C, onde estão encarcerados 81 presos do sistema semiaberto. Os detentos esperaram o término do horário de visita, às 17 horas. Eles aproveitaram a entrada dos quatro agentes que fazem a contagem dos presos e os fizeram reféns.

Uma das reivindicações dos presos é a saída imediata da atual diretora Eceila Menezes, que, no momento da rebelião, estava em Belém e chegou ontem a Santarém para participar das negociações. Ela é acusada pelos presos de má gestão e maus-tratos.

Por volta das 3 horas de ontem, os manifestantes tentaram o apoio dos presos do pavilhão dos idosos. Dos 55 internos, apenas 15 aderiram. Em seguida, juntaram-se mais 156 detentos do pavilhão dos presos provisórios. 'Eles não estavam armados e nem utilizam armas de fogo', informou a comissão de negociação.

Já pela manhã, alguns presos subiram nos telhados dos pavilhões e puseram fogo em colchões e roupas como forma de pressão da comissão de negociação. Por volta das 10 horas, o primeiro refém foi solto por conta de problemas de saúde. Após quase 24 horas de negociação, eles decidiram soltar os outros três agentes penitenciários e por fim ao levante na presença de juízes criminais, defensores públicos e promotores de Justiça.

Somente neste ano esta é a terceira vez que ocorre uma rebelião na penitenciária. Há 15 dias, 23 presos fugiram do centro de triagem do presídio, que funciona anexo à 16ª Seccional de Polícia Civil. Lá, os presos aguardam por decisão judicial antes de seguirem para a casa penal. Dos fugitivos, cinco ainda não foram recapturados.

A Penitenciária Silvio Hall de Moura recebe acusados de diversos municípios do oeste paraense e está com superlotação há mais de dois anos. No ano passado, o governo do Estado chegou a anunciar a ampliação do presídio e a construção de um outro. Mas nenhuma obra foi iniciada até hoje.

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