A cada minuto no chuveiro mais de 20 litros de água vão
embora pelo ralo, além da energia que se gasta, se for elétrico. Mais de 25
litros podem ser gastos escovando os dentes, considerando a torneira fechada
enquanto se escova. Os dados são da Agência Nacional de Águas (ANA), que
revelam quanto gastamos no ambiente domiciliar. Enquanto em casa, as
alternativas para evitar o consumo de água são, geralmente, desligando a
torneira, na indústria as soluções vão além. No Pará, grandes empresas dão
exemplos de como gerir esse recurso.
Em Juruti, onde atua com uma unidade de mineração de
bauxita, a Alcoa realiza um trabalho de gestão de recursos hídricos que tem
impactado positivamente as operações da empresa. “Aproximadamente 85% da água
no beneficiamento da bauxita é reaproveitada. No ano passado, o consumo de água
recuperada em nossas operações chegou a 97%. Em virtude dessa redução
significativa do consumo de água do Lago Grande Juruti, de onde é captada para
a lavagem do minério, reduzimos o tempo de operação dos equipamentos de
captação de água, o consumo de energia elétrica e também os custos relativos ao
processo”, conta Ever Dias, engenheiro de Barragens, Captação e Dragagem da
Alcoa Juruti.
A separação da argila e da bauxita ocorre por decantação,
sem aditivos químicos. Após a lavagem do minério, a água é direcionada para
reciclagem em um grande reservatório, onde o próprio peso da lama faz com que
ela se separe naturalmente e exponha na superfície a água que volta para o
processo. “Uma iniciativa sustentável que também adotamos ao processo é a
captação da água da chuva, feita por um sistema de canaletas instaladas nas
ruas e prédios da unidade”, acrescenta o engenheiro.
As legislações ambientais também contribuem para a gestão
industrial. Em janeiro deste ano, a fabricante de vergalhões e cabos elétricos
de alumínio, Alubar Metais e Cabos, localizada em Barcarena, apresentou a
Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), durante a auditoria de recertificação
da ISO 14001, norma internacional que estabelece seu Sistema de Gestão
Ambiental. A Estação foi um dos pontos avaliados pelos auditores como uma boa
prática. “Além de atender a legislação ambiental, que prevê o recolhimento dos
efluentes, tratamento e descarte de forma correta, a Estação está compatível
com os valores da empresa, como a ética e o respeito ao meio ambiente”, afirma
Raimundo Nonato, gerente do Controle de Qualidade e Meio Ambiente.
Projetada para tratar 30 mil metros cúbicos por dia, a
Estação ainda está na primeira etapa do projeto que é recolher a água do
processo de produção da empresa, cerca de cinco mil metros cúbicos diários, que
depois de receber tratamento adequado abastecem, por enquanto, os banheiros da
empresa. “O tratamento da água tem três fases. Checamos pH, retiramos a matéria
orgânica da água e, por fim, uma amostra da água para avaliar os parâmetros determinados
pelo órgão ambiental”, explica o gerente. Ele prevê para os próximos meses a
segunda etapa da Estação: tratamento dos dejetos sanitários.
Investimento ambiental - Na Imerys, a água faz parte de
várias etapas do processo de produção da mineradora que atua com caulim no
nordeste paraense. “A água usada na produção é reaproveitada no próprio
processo, por meio de um sistema de recirculação, ou seja, ela vai e volta para
a mesma etapa, reduzindo a necessidade de consumir mais recursos hídricos e não
agredindo o meio ambiente”, explica Adelson Carvalho, supervisor de Meio
Ambiente. Esse circuito é um dos três processos de recuperação de água, sendo o
de recirculação o mais sustentável, pois aproximadamente 90% da água são
reutilizados. Em 2013, o consumo de água recirculada ultrapassou quatro milhões
de metros cúbicos.
O supervisor também ressalta outro sistema: recuperação de
rejeito, que consiste em uma água branca, parecido com uma polpa, pois tem na
composição 30% de caulim. Essa água volta para o início do processo para que
sejam aproveitadas as pequenas quantidades que ainda possui do mineral, além de
ajudar na vida útil da bacia, onde os rejeitos são depositados. Enquanto isso, em outro estágio, a água,
depois de separada do caulim e tratada, abastece os banheiros da planta
industrial, uma vantagem para a empresa e para o meio ambiente.
O circuito de recuperação de água também tem como destino o
Rio Pará. “A água do processo passa por tratamentos e é lançada ao rio, de
acordo com os requisitos da norma do CONAMA 430/11, que estabelece alguns
parâmetros de descarte de efluentes industriais. Durante esse processo, o
sistema de descarte é monitorado durante 24 horas, com espaço de tempo de 2h
pela equipe técnica do Meio Ambiente”, finaliza Adelson Carvalho.
Temple Comunicação
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