Descendentes de negros que integram comunidades quilombolas
terão seleção diferenciada para ingresso na Universidade Federal do Oeste do
Pará (UFOPA) no Processo Seletivo de 2015. Antes de lançar o edital com as
regras da seleção, a UFOPA reuniu líderes negros do Baixo Amazonas para
apresentar uma proposta de edital. A consulta foi feita durante o Seminário
Descentralizado do Processo Seletivo Especial Quilombola, que ocorreu no dia 25
de novembro, no auditório Wilson Fonseca, Câmpus Rondon, em Santarém.
A reitora da UFOPA, Profa. Dra. Raimunda Monteiro, participou
da solenidade de abertura e relembrou o início de sua carreira, quando atuou
nos movimentos sociais e teve contato com as manifestações da cultura negra.Em
seu discurso, ressaltou a importância histórica deste momento em que os líderes
negros são chamados para ajudar a criar “o primeiro documento que normatiza a
entrada dos quilombolas na universidade”.E completou: “Aqui, nós estamos
falando dos dois segmentos mais penalizados nos processos de colonizações das
Américas: os povos indígenas e quilombolas”.A reitora lembrou ainda que a UFOPA
já está “amparada” legalmente pela Lei de Cotas, cumprida pela Universidade
desde 2012. “A libertação se dá pelo domínio do conhecimento”, enfatizou.
Além do Câmpus Rondon da UFOPA, onde ocorreu dia 25 de
novembro, o Seminário Descentralizado do Processo Seletivo Especial Quilombola
realiza-setambém nas cidades de Oriximiná e Jacareacanga, que concentram boa
parte das populações quilombolas do Baixo Amazonas e Tapajós.
Será a primeira vez que a UFOPA realiza seleção especial
para ingresso de quilombolas. Por isso, a Pró-Reitoria de Ensino de Graduação
(PROEN), a Pró-Reitoria de Gestão Estudantil (PROGES) e a Diretoria de Ações
Afirmativas decidiram realizar esses seminários para debater o Processo
Seletivo Especial (PSE 2015). Cerca de 150 pessoas, entre lideranças
quilombolas e ativistas do movimento negro de Santarém e arredores são
esperadas nesses dois dias para debater aspectos do edital, cuja previsão de
lançamento é o início do mês de dezembro. De acordo com a reitora, serão
destinadas 65 vagas.
“Nós não temos que ter medo de trazer os quilombolas para a
Universidade. O que nós temos é a obrigação de abrir as portas para que eles
venham não só para receber o que a universidade pode lhes dar de conhecimento,
de estudo de oportunidade de ter uma mobilidade social, mas também para vocês
trazerem para dentro da universidade o universo da experiência de vocês”.
Nos arredores de Santarém existem 12 comunidades quilombolas.
Na região do Planalto estão as comunidades de Bom Jesus, Tiningui, Mururu,
Mururutuba e Patos do Ituqui. Na várzea, estão localizadas as comunidades de
Arapemá, Saracura, São José, São Raimundo Surubim-Açu e Maicá. Ao todo 3 mil
pessoas vivem nesses locais. De acordo com o vice-presidente da Federação das
Organizações Quilombolas de Santarém (FORQS), Raimundo Benedito da Silva Mota,
apenas 200 dessas pessoas frequentaram o ensino superior. “A nossa negritude
precisa estar na universidade. Precisamos debater o que pode vir a constar
nesse edital e também nos próximos para garantir nossa permanência”.
Estiveram presentes o secretário de Educação de Alenquer,
Antonio Patrício Leitão, o coordenador Pedagógico da Prefeitura de Alenquer,
Wilson José da Silva, a coordenadora de Educação Étnico-Racial da Prefeitura de
Santarém (SEMED), Alessandra Caripuna, o diretor de Ações Afirmativas da
Pró-Reitoria de Gestão Estudantil (PROGES), Florêncio Vaz, e a pró-reitora de
Ensino de Graduação (PROEN), Fátima Lima.
Lenne Santos - Comunicação/UFOPA
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